Por Abdul Qadir Sediqi e Alexander Cornwell
CABUL/DOHA (Reuters) - Os Estados Unidos assinaram um acordo com os insurgentes do Taliban neste sábado que pode abrir caminho para uma retirada total de soldados estrangeiros do Afeganistão nos próximos 14 meses e representar um passo em direção ao fim da guerra de 18 anos no país.
Embora o acordo crie um caminho para que os Estados Unidos se retirem gradualmente de sua guerra mais longa, muitos esperam que as negociações entre os lados afegãos sejam muito mais complicadas.
O acordo foi assinado em Doha, capital do Catar, pelo enviado especial dos EUA Zalmay Khalilzad e pelo chefe político do Taliban, Mullah Abdul Ghani Baradar. O secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, esteve presente para testemunhar a cerimônia.
O secretário de Defesa dos EUA, Mark Esper, disse que, embora o acordo seja um bom passo, o caminho a seguir não será fácil.
"Este é um momento de esperança, mas é apenas o começo. O caminho a seguir não será fácil. Alcançar uma paz duradoura no Afeganistão exigirá paciência e compromisso entre todas as partes", disse Esper, que se encontrou com o presidente afegão, Ashraf Ghani, em Cabul, onde eles anunciaram uma declaração conjunta paralela ao acordo EUA-Taliban.
Os Estados Unidos disseram que estão comprometidos em reduzir o número de suas tropas no Afeganistão para 8.600 --do número atual de 13 mil-- dentro de 135 dias após a assinatura do acordo e que estão trabalhando com seus aliados para reduzir proporcionalmente o número de coalizões no Afeganistão durante esse período, se os talibãs cumprirem seus compromissos.
Uma retirada total de todas as forças dos EUA e da coalizão ocorrerá dentro de 14 meses após a assinatura do acordo, se o Taliban se mantiver no acordo, disse o comunicado conjunto.
Para o presidente dos EUA, Donald Trump, o acordo de Doha representa uma chance de cumprir sua promessa de trazer as tropas dos EUA para casa.
Mas especialistas em segurança também o chamaram de aposta na política externa que daria legitimidade internacional ao Taleban.
"Hoje é um dia monumental para o Afeganistão", disse a embaixada dos EUA em Cabul no Twitter. "Trata-se de fazer a paz e criar um futuro melhor e comum. Estamos com o Afeganistão."
Ghani disse esperar que o acordo de Doha abra caminho para uma paz duradoura.
"Esperamos que a paz entre EUA e Talibã leve a um cessar-fogo permanente... O país está ansioso por um cessar-fogo completo", disse ele em entrevista coletiva em Cabul.
O governo afegão disse estar pronto para negociar e concluir um cessar-fogo com o Taleban e afirmou seu apoio à retirada gradual das forças dos EUA e da coalizão, sujeita ao cumprimento pelo Taliban de seus compromissos.