Por Lesley Wroughton
WASHINGTON (Reuters) - Os Estados Unidos e a Venezuela embarcaram nos mais extensos diálogos em anos para tentar melhorar suas amargas relações, de acordo com um alto representante do governo norte-americano.
A diplomacia discreta, que nunca foi publicamente divulgada, é um sinal de que a melhora nas relações de EUA com Cuba pode estar ajudando a consertar outro relacionamento na América Latina. A fonte, que tem conhecimento das conversas de alto nível, alertou que o processo está em fase inicial.
O esforço por parte do governo latino-americano mais ardentemente contrário a Washington, que também é um grande fornecedor de petróleo aos EUA, acontece em um momento no qual o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, luta com uma economia decadente que tem ficado cada vez mais isolada, especialmente após a melhora nos laços entre EUA e Cuba.
Maduro deu o primeiro passo em março, cerca de três meses após Washington e Havana terem anunciado, em 17 de dezembro, que estavam buscando restaurar laços diplomáticos, ao requisitar um "canal direto de comunicação" com o presidente norte-americano, Barack Obama, e com o Departamento de Estado, segundo a fonte.
Cuba e EUA anunciaram nesta quarta-feira o restabelecimento oficial das relações diplomáticas.
"Ele percebeu que, se nós podemos falar com os cubanos, podemos falar com ele", disse a fonte à Reuters, acrescentando: "Fizemos uma abordagem muito cuidadosa porque já vimos isso antes, mas também há uma preocupação nos EUA de que o relacionamento estava chegando a um ponto perigoso e arriscava ser completamente cortado."
O Ministério de Relações Exteriores, a Presidência e o Congresso Nacional da Venezuela não responderam a pedidos de comentários feitos pela Reuters sobre o diálogo com Washington.
Autoridades venezuelanas disseram que estão buscando consertar as relações, as quais pioraram em março, quando o governo da Venezuela ordenou que os EUA retirassem funcionários de sua embaixada em Caracas, e Washington impôs sanções contra altos funcionários venezuelanos.
Os dois rivais reduziram o nível de agressividade no confronto retórico nas últimas semanas.