Por Mark Hosenball
WASHINGTON (Reuters) - Hackers com ligação com o governo russo tiveram participação nos esforços para prejudicar a campanha presidencial do candidato de centro francês Emmanuel Macron, ao hackear e vazar emails e documentos antes da eleição, de acordo com duas autoridades da inteligência dos Estados Unidos.
Separadamente, o almirante Mike Rogers, diretor da Agência Nacional de Segurança dos EUA, disse nesta terça-feira ao Comitê de Serviços Armados do Senado que Washington tomou “ciência da atividade russa” na eleição francesa bem antes de supostos emails serem vazados, dois dias antes da eleição de domingo, na qual Macron venceu por grande maioria.
“Demos a eles um alerta... ‘Olha, estamos observando os russos, estamos vendo eles penetrarem algumas de suas infraestruturas’”, disse Rogers.
As duas autoridades e quatro outras pessoas com conhecimento das descobertas da agência de inteligência reconheceram que não encontraram evidências conclusivas de que o Kremlin ordenou que agências da inteligência da Rússia realizassem o ataque hacker, ou que elas deram instruções para os ataques.
Mas o ataque foi realizado por “entidades com laços conhecidos com a inteligência russa”, disse uma das autoridades que pediu anonimato.
O governo russo negou repetidamente qualquer envolvimento no ataque hacker à eleição francesa.
O diretor da campanha digital de Macron, Mounir Mahjoubi, disse à Reuters em entrevista que não tem provas de que hackers apoiados pelo governo russo estavam por trás dos ataques.
“Não temos informações precisas sobre quem fez isto”, disse à Reuters. “Não tenho confirmação, não tenho prova”. Ele disse estar falando em capacidade pessoal, e não oficialmente em nome da campanha.
Duas das fontes governamentais norte-americanas e uma autoridade europeia disseram que há clara evidência de que a Rússia teve como alvo a campanha de Macron desde pelo menos fevereiro. Macron, pró-União Europeia, derrotou a nacionalista da extrema-direita Marine Le Pen, que queria tirar a França da União Europeia e apoia a política russa para a Ucrânia.