Por Emma Farge
GENEBRA (Reuters) - Uma candidata dos Estados Unidos venceu nesta quinta-feira seu rival russo e foi eleita a próxima chefe da principal agência de tecnologia da ONU, em uma votação vista como um teste de quantos países ainda estão ao lado de Moscou após a guerra na Ucrânia.
Doreen Bogdan-Martin venceu a eleição para secretária-geral da União Internacional de Telecomunicações (UIT) - o órgão da ONU que estabelece padrões para novas tecnologias - com 139 votos de 172, derrotando o russo Rashid Ismailov, que obteve 25.
"Trabalhei por este momento por mais de três décadas", disse Bogdan-Martin após sua vitória na votação secreta realizada em Bucareste.
A veterana da UIT prometeu melhorar a conectividade digital e usar a tecnologia para enfrentar desafios como crise climática, segurança alimentar e divisão de gênero.
"É uma eleição simbolicamente muito importante", disse Olaf Wientzek, diretor do escritório de Genebra da Fundação Alemã Konrad Adenauer. "É uma maneira de medir quantos países ainda estão do lado da Rússia", acrescentou, descrevendo o resultado como uma "derrota pesada" para Moscou.
Ismailov, que já trabalhou para Huawei e Nokia, bem como para o governo russo, tinha como proposta de campanha compromisso de tornar a tecnologia mais centrada no ser humano e construção de pontes para redução de diferenças digitais.
Um porta-voz da missão russa não estava imediatamente disponível para comentar.
Alguns observadores descreveram a votação como uma batalha pelo controle da internet, entre padrões abertos e países que buscam intensificar os controles sobre as comunicações.
"É uma boa história, mas não muito realista. O secretário-geral não determina a política", disse o vice secretário-geral da UIT, Malcolm Johnson, à Reuters.
Ele disse que os 193 países membros da agência tomaram as decisões de alto nível, enquanto a maior parte do trabalho de padronização foi feita por membros do setor privado.
Bogdan-Martin é a primeira mulher a chefiar a agência sediada em Genebra que aloca frequências de rádio e órbitas de satélites e estabelece padrões para inteligência artificial e outras novas tecnologias. Ela substitui o chinês Houlin Zhao.
(Por Emma Farge)