WASHINGTON (Reuters) - Os Estados Unidos aplicaram sanções nesta quinta-feira contra um ministro da segurança e uma unidade de forças especiais do ministério do Interior de Cuba por supostos abusos de direitos humanos na repressão a protestos contra o governo neste mês.
A medida marca os primeiros passos concretos do governo do presidente dos EUA, Joe Biden, para pressionar o governo cubano, diante de apelos de parlamentares norte-americanos e da comunidade cubano-americana para demonstrar mais apoio aos maiores protestos na ilha em décadas.
A velocidade com que o governo elaborou novas sanções sinaliza ainda mais que Biden dificilmente suavizará a abordagem dos EUA à Cuba no futuro próximo, após seu antecessor, Donald Trump, recuar na aproximação histórica da era Obama à Havana.
"Este é só o começo", disse Biden em um comunicado, expressando sua condenação pelas "detenções em massa e julgamentos falsos".
“Os Estados Unidos continuarão a punir os indivíduos responsáveis pela opressão do povo cubano”, acrescentou.
O ministro das Relações Exteriores de Cuba, Bruno Rodríguez, em uma mensagem no Twitter, rejeitou as sanções como "infundadas e caluniosas" e instou os Estados Unidos a aplicarem tais medidas a seu próprio histórico de "repressão diária e brutalidade policial".
O Departamento do Tesouro dos EUA disse em comunicado que as sanções foram aplicadas contra a unidade de segurança do ministério do Interior e ao general Álvaro López Miera, ministro das Forças Armadas Revolucionárias.
Milhares de cubanos realizaram protestos uma semana atrás contra a crise econômica que gerou falta de bens básicos e de energia. Eles também se manifestaram contra a maneira como o governo tem lidado com a pandemia de coronavírus e a limitações das liberdades civis. Centenas de ativistas foram detidos.
Biden prometeu durante a campanha de 2020 reverter algumas das políticas de Trump para Cuba, mas o anúncio desta quinta-feira sugere pouco apetite para retomar a aproximação.
O governo cubano culpou grande parte dos protestos pelo que chamou de "contra-revolucionários" financiados pelos EUA explorando a crise econômica causada por sanções norte-americanas.
As sanções desta quinta-feira foram impostas sob a lei Global Magnitsky, usada para punir violadores de direitos humanos com o congelamento de ativos nos EUA e proibições de viagens ao país.
Mas autoridades norte-americanas admitiram que autoridades cubanas raramente têm negócios financeiros nos EUA ou viajam ao país, o que limita o impacto prático dessas medidas.
A agitação social parece ter injetado um novo senso de urgência na revisão ampla da política de Cuba, que Biden começou pouco depois de assumir o poder em janeiro. Até agora, Cuba não vinha sendo tratada como um item no topo da pauta, enquanto o governo dos EUA lidava com a recuperação econômica e a pandemia de coronavírus em casa e desafios como China, Rússia e Irã no exterior.
Cuba, afirmou uma autoridade do Departamento de Estado à Reuters, é agora uma "prioridade".
(Reportagem de Daphne Psaledakis, Matt Spetalnick e Lisa Lambert)