WASHINGTON (Reuters) - A Casa Branca anunciou neste domingo que está proibindo qualquer estrangeiro ou brasileiro de viajar para os Estados Unidos se eles estiveram no Brasil nas últimas duas semanas, dois dias após o país se tornar o número 2 no mundo em casos de Covid-19.
A secretária de imprensa da Casa Branca, Kayleigh McEnany, disse que as novas restrições ajudarão a garantir que estrangeiros não tragam infecções adicionais para os EUA, mas não se aplicariam ao fluxo de comércio entre os países.
A embaixada dos EUA no Brasil afirmou que a restrição passa a vigorar partir de 00h59 (horário de Brasília) de 29 de maio e não afeta voos do país para o território norte-americano.
O presidente dos EUA, Donald Trump, determinou que as viagens irrestritas de brasileiros ou quaisquer estrangeiros vindo do Brasil, devido o potencial de transmissão não detectada do vírus por indivíduos infectados podem contribuir para o aumento dos casos da COVID-19 nos EUA, disse a embaixada em nota à imprensa.
O assessor especial da Presidência da República do Brasil para Assuntos Internacionais, Filipe G. Martins, afirmou em sua conta no Twitter que, ao banir temporariamente a entrada de brasileiros nos EUA, o governo americano está seguindo parâmetros quantitativos previamente estabelecidos, que alcançam naturalmente um país tão populoso quanto o Brasil.
"Não há nada específico contra o Brasil. Ignorem a histeria da imprensa", acrescentou.
Pouco antes do anúncio da Casa Branca, o chanceler Ernesto Araújo afirmou, também no Twitter, que em conversa neste domingo com representantes da Casa Branca, "dentro da ótima cooperação Brasil-EUA no combate ao Covid-19", recebeu a notícia de que Trump determinou a doação de 1.000 respiradores ao Brasil.
"Parceria produtiva entre duas grandes democracias", afirmou.
O Brasil implementou restrições semelhantes à entrada de estrangeiros, inclusive dos EUA, em 30 de março, e as prorrogou por duas vezes desde então, destacou a embaixada norte-americana.
O conselheiro de segurança nacional norte-americano, Robert O'Brien, disse mais cedo ao programa 'Face the Nation' da rede CBS esperar que a medida possa ser reconsiderada em algum momento.
"Esperamos que seja temporário, mas, devido à situação no Brasil, tomaremos todas as medidas necessárias para proteger o povo americano", disse O'Brien.
O Brasil ultrapassou na sexta-feira a Rússia e se tornou o segundo país do mundo em casos de coronavírus, perdendo apenas para os EUA. Dados neste domingo mostraram que o país já registra 22.666 mortes e 363.211 casos de Covid-19.
Trump havia dito na terça-feira que estava considerando impor uma proibição de viagens para passageiros provenientes do Brasil.
"Não quero pessoas vindo para cá e infectando nosso povo. Também não quero que as pessoas fiquem doentes por lá. Estamos ajudando o Brasil com respiradores... O Brasil está tendo problemas, não há dúvida sobre isso", acrescento Trump a repórteres na Casa Branca.
O'Brien disse que os EUA analisarão as restrições para outros países do hemisfério sul, país a país.
Trump suspendeu a entrada da maioria dos viajantes da China, onde o surto começou, em janeiro. No início de março, ele impôs restrições de viagem a pessoas vindas da Europa.
As novas restrições impedem a maioria dos cidadãos não americanos que tenha estado no Brasil no período de até 14 dias antes da tentativa de entrada nos EUA. Além dos norte-americanos, serão isentos residentes permanentes legais ou indivíduos que se enquadrem em alguma das exceções listadas de viajar para os EUA.
(Reportagem de Alexandra Alper, Pete Schroeder e Doina Chiacu; reportagem adicional de David Shephardson e Ricardo Britto, em Brasília)