Por Humeyra Pamuk e Arshad Mohammed e Yew Lun Tian
WASHINGTON/PEQUIM (Reuters) - Os Estados Unidos rejeitaram na segunda-feira as reivindicações da China sobre recursos marítimos na maior parte do Mar do Sul da China, o que levou Pequim a criticar os EUA e dizer que a posição norte-americana aumenta a tensão na região e ainda sublinhou um relacionamento cada vez mais exasperado.
A China não ofereceu nenhuma base legal coerente para suas ambições no Mar do Sul da China, e há anos vem intimidando outros países do litoral do sudeste asiático, disse o secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo, em um comunicado.
"Estamos deixando claro: as reivindicações de Pequim sobre recursos marítimos na maior parte do Mar do Sul da China são completamente ilegais, como é sua campanha de assédio para controlá-los", disse Pompeo, crítico destacado da China no governo Trump.
Há tempos os EUA se opõem às reivindicações chinesas de expansão territorial no Mar do Sul da China, e com frequência enviam navios de guerra à rota marítima estratégica para demonstrar apoio à liberdade de navegação no local – mas os comentários de segunda-feira refletiram um tom mais duro.
"O mundo não permitirá que Pequim trate o Mar do Sul da China como seu império marítimo", disse Pompeo.
O comunicado dos EUA apoia uma decisão tomada quatro anos atrás em conformidade com a Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar (CNUDM), que invalidou a maioria das reivindicações chinesas de direitos marítimos no Mar do Sul da China. O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Zhao Lijian, repudiou a rejeição norte-americana da pretensão chinesa.
"Ela atiça intencionalmente uma polêmica a respeito das reivindicações de soberania marítima, destrói a paz e a estabilidade regionais e é um ato irresponsável", disse ele em uma coletiva de imprensa de rotina.
"Os EUA enviaram repetidamente grandes frotas de aviões e navios militares sofisticados ao Mar do Sul da China... os EUA são os encrenqueiros e destruidores da paz e da estabilidade regionais."
A China reclama 90% do mar potencialmente rico em recursos energéticos, mas Brunei, Malásia, Filipinas, Taiwan e Vietnã também reivindicam partes dele.
Cerca de 3 trilhões de dólares de mercadorias atravessam a rota marítima todos os anos. A China construiu bases em atóis da região, mas diz que suas intenções são pacíficas.
Analistas disseram que seria importante ver se outros países adotam a postura dos EUA e o que Washington pode fazer --se é que fará algo-- para fortalecer sua posição e impedir que Pequim crie "fatos nas águas" para reforçar suas reivindicações.
(Por Humeyra Pamuk, Arshad Mohammed, Matt Spetalnick, Daphne Psaledakis; reportagem adicional de Yew Lun Tian em Pequim, Ben Blanchard em Taipei e Karen Lema em Manila)