Por David Brunnstrom e Simon Lewis
(Reuters) - Os Estados Unidos vetaram nesta quarta-feira uma resolução do Conselho de Segurança da ONU para um cessar-fogo em Gaza, atraindo críticas ao governo Biden por mais uma vez bloquear a ação internacional destinada a interromper a guerra de Israel com o Hamas.
O conselho de 15 membros votou em resolução apresentada por 10 membros não permanentes que pedia um "cessar-fogo imediato, incondicional e permanente" no conflito de 13 meses e exigia separadamente a libertação dos reféns.
Somente os EUA votaram contra, usando o veto que têm direito como membros permanente do conselho para bloquear a resolução.
Robert Wood, embaixador adjunto dos EUA na ONU, disse que Washington havia deixado claro que só apoiaria uma resolução que exigisse explicitamente a libertação imediata dos reféns como parte de um cessar-fogo.
"Um fim duradouro para a guerra deve vir com a libertação dos reféns. Esses dois objetivos urgentes estão intrinsecamente ligados. Essa resolução abandonou essa necessidade e, por esse motivo, os Estados Unidos não puderam apoiá-la", disse.
Wood disse que os EUA buscavam um compromisso, mas o texto da resolução proposta teria enviado uma "mensagem perigosa" ao grupo militante palestino Hamas de que "não há necessidade de voltar à mesa de negociações".
A campanha de Israel em Gaza já matou quase 44.000 pessoas e deslocou quase toda a população do enclave. Ela foi lançada em resposta a um ataque de combatentes liderados pelo Hamas que mataram 1.200 pessoas e capturaram mais de 250 reféns em 7 de outubro de 2023.
Integrantes do conselho criticaram duramente os EUA por bloquearem a resolução apresentada pelos 10 membros eleitos do conselho: Argélia, Equador, Guiana, Japão, Malta, Moçambique, Coreia do Sul, Serra Leoa, Eslovênia e Suíça.
"É profundamente lamentável que, devido ao uso do veto, este conselho tenha mais uma vez deixado de cumprir sua responsabilidade de manter a paz e a segurança internacionais", disse a embaixadora de Malta na ONU, Vanessa Frazier, após o fracasso da votação, acrescentando que o texto da resolução "não era de forma alguma maximalista".
"Ele representava o mínimo necessário para começar a lidar com a situação desesperadora no local", disse.
Especialistas em segurança alimentar alertaram que a fome é iminente entre os 2,3 milhões de habitantes de Gaza.
O presidente dos EUA, Joe Biden, que deixa o cargo em 20 de janeiro, ofereceu a Israel um forte apoio diplomático e continuou a fornecer armas para a guerra, enquanto tentava, sem sucesso, intermediar um acordo de cessar-fogo entre Israel e o Hamas, que permitiria a libertação de reféns em troca de palestinos detidos por Israel.
(Reportagem de David Brunnstrom e Simon Lewis; reportagem adicional de Daphne Psaledakis)