Por Parisa Hafezi, John Irish e Robin Emmott
BRUXELAS, 15 Mai (Reuters) - Potências europeias prometeram deixar o acordo nuclear de 2015 vivo sem os Estados Unidos, ao tentarem manter investimentos e petróleo do Irã fluindo, mas admitiram que terão que se esforçar para fornecer as garantias que o governo iraniano busca.
Ministros das Relações Exteriores de Reino Unido, França e Alemanha, junto à diplomata mais sênior da União Europeia, discutiram os próximos passos com o chanceler iraniano, uma semana após o presidente dos EUA, Donald Trump, abandonar o pacto que chamou de “o pior acordo já feito” e reimpor sanções norte-americanas sobre o Irã.
“Todos nós concordamos que temos um parente em terapia intensiva e nós todos queremos tirá-lo ou tirá-la da terapia intensiva o mais rápido possível”, disse a chefe de política externa da UE, Federica Mogherini, a repórteres após o encontro de 90 minutos.
Ela afirmou que todas as partes haviam concordado em encontrar soluções práticas durante as próximas semanas. Estas incluem continuar vendendo produtos de petróleo e gás do Irã, manter transações bancárias e proteger investimentos europeus no Irã.
“Eu não posso falar sobre garantias legais ou econômicas, mas eu posso falar sobre trabalho sério, determinado e imediato do lado europeu”, disse Mogherini.
O ministro das Relações Exteriores do Irã, Mohammad Javad Zarif, disse que o encontro foi um bom começo, mas que gostaria de ver as garantias se materializarem. “Nós estamos no caminho certo... muito irá depender do que podemos fazer nos próximos dias”, disse.
Destacando quão difícil isto será, o Tesouro dos EUA anunciou nesta terça-feira mais sanções, incluindo sobre o chefe do banco central do Irã, minutos antes do encontro em Bruxelas.
Zarif disse que a decisão norte-americana mais recente é “ilegal”.
O ministro das Relações Exteriores do Reino Unido, Boris Johnson, foi contundente sobre as chances de evitar sanções norte-americanas que também buscam proibir companhias estrangeiras de fazerem negócios com o Irã.
“Nós temos que ser realistas sobre o trilho eletrificado, o circuito elétrico de extraterritorialismo americano e como isto pode servir como um impedimento para negócios”, disse Johnson a repórteres.
O acordo entre o Irã e seis potências mundiais suspendeu a maioria das sanções internacionais em 2016 em troca de Teerã conter seu programa nuclear, sob vigilância rígida do órgão de monitoramento nuclear da Organização das Nações Unidas.
Autoridades iranianas ameaçaram retomar enriquecimento.
Trump denunciou o acordo, feito sob seu antecessor, Barack Obama, por não abordar o programa de mísseis balísticos do Irã, o papel do país em conflitos no Oriente Médio ou o que acontece após o acordo expirar, em 2025.
Potências europeias compartilham das preocupações de Trump, mas dizem que o acordo nuclear é a melhor maneira de impedir Teerã de obter uma arma atômica.
“O que é significativo é que Zarif reafirmou o desejo de seguir com o acordo caso encontremos uma maneira de ajudá-los um pouco”, disse um diplomata europeu sênior.
Diversas autoridades iranianas disseram à Reuters que enquanto o Irã puder vender seu petróleo e receber seu dinheiro, o acordo permanece vivo.
Os europeus e iranianos agora encarregaram especialistas de criarem medidas rapidamente e irão se encontrar novamente em Viena na semana que vem, em nível de vice-chanceleres.