Por Alastair Macdonald
BRUXELAS (Reuters) - Eleitores europeus começarão a escolher na quinta-feira os novos membros do Parlamento da União Europeia, em uma eleição de quatro dias que influenciará não só a formulação de políticas em Bruxelas nos próximos cinco anos, mas também o próprio futuro do projeto da UE.
Em 2014, nacionalistas hostis à UE dobraram sua presença na assembleia e lideraram as urnas no Reino Unido, e em 2016 venceram um referendo que decidiu a saída de um dos maiores membros do bloco -- ou quase.
Cinco anos mais tarde, as pesquisas mostram os eurocéticos vencendo novamente. Mas a separação britânica da União Europeia ainda não ocorreu e pode não ocorrer, os inimigos mais ferozes de Bruxelas ainda lutarão para passar dos 20% e a extrema-direita chega ao final de semana atingida pelo escândalo causado por um vídeo de um líder austríaco em conluio com um suposto oligarca russo ansioso para obter favores.
Outros que querem deter ou reverter tendências federalistas, ou até descartar a UE por completo, também enfrentam ventos contrários. Alguns dos que estão no poder também terão que enfrentar apoiadores desiludidos, com destaque para a coalizão entre a Liga e o Movimento 5 Estrelas no governo italiano.
O projeto europeu está enfrentando uma série de desafios, entre eles o desprezo inédito de um presidente norte-americano que festeja os populistas europeus, disputas fronteiriças causadas por imigrantes e uma economia abalada pela dívida pública e posta em xeque pela ascensão da China.
Mas os partidos que buscam uma ação coletiva continental em temas comuns como comércio, segurança, imigração ou mudança climática ainda devem dominar a câmara, embora com uma maioria menor.
Os europeus também se preparam para lembrar acontecimentos que forjaram a UE: os 75 anos passados desde que os norte-americanos chegaram à França para derrotar a Alemanha nazista e desde que forças russas deixaram os alemães esmagarem um levante pela liberdade na Polônia, e 30 anos desde que os alemães derrubaram o Muro de Berlim para reaproximar o leste e o oeste da Europa.
Mas as lembranças das guerras não bastaram para criar fé em um futuro de união. Jean-Claude Juncker, que será substituído no executivo da UE após a eleição, alertou para uma onda crescente de nacionalismo, e não só nas periferias.
Já o presidente francês, Emmanuel Macron, disse se tratar "indubitavelmente da eleição mais importante" desde a primeira, de 1979, e pediu a cooperação de conservadores, socialistas e verdes para enfrentar uma congregação de forças anti-UE.