Por Yew Lun Tian e Liz Lee
PEQUIM (Reuters) - Autoridades europeias de política externa pediram à China nesta sexta-feira que não use força sobre Taiwan, adotando uma postura dura contra as ameaças de Pequim sobre a ilha governada democraticamente, depois que os comentários do presidente da França, Emmanuel Macron, foram considerados fracos.
Nos últimos dias, a China realizou intensos exercícios militares em torno de Taiwan, que afirma ser sua, e nunca renunciou ao uso da força para colocar a ilha sob seu controle.
A ministra das Relações Exteriores da Alemanha, Annalena Baerbock, abordando o assunto em uma coletiva de imprensa em Pequim ao lado de seu colega chinês Qin Gang, disse que qualquer tentativa da China de controlar Taiwan seria inaceitável e teria sérias repercussões para a Europa.
O chefe de política externa da União Europeia, Joseph Borrell, repetiu suas falas em um comunicado preparado para um discurso a ser feito em Pequim no think tank Centro para China e Globalização nesta sexta-feira, que teve de ser cancelado depois que ele foi contaminado com Covid-19.
"Uma escalada militar no Estreito de Taiwan, através do qual ... 50% do comércio mundial passa todos os dias, seria um cenário de terror para o mundo inteiro", disse Baerbock, acrescentando que teria "repercussões inevitáveis" para os interesses europeus.
Em entrevistas publicadas após sua viagem à China na semana passada, que pretendia mostrar a unidade europeia na política sobre o país asiático, Macron alertou contra ser arrastado para uma crise sobre Taiwan impulsionada por um "ritmo norte-americano e uma reação exagerada chinesa".
Embora muitos dos comentários não fossem novos, o momento de sua publicação e sua franqueza irritaram muitas autoridades ocidentais.
"A posição da União Europaia (sobre Taiwan) é consistente e clara", disse Borrell em seus comentários. "Qualquer tentativa de mudar o status quo pela força seria inaceitável."
(Reportagem de Yew Lun Tian e Liz Lee em Pequim; Reportagem adicional de Sabine Siebold em Berlim)