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Europeus trabalham para salvar acordo e negócios com Irã após saída de Trump

Publicado 09.05.2018, 18:55
Atualizado 09.05.2018, 19:00
© Reuters. Presidente francês Emmanuel Macron chega para evento em Aachen
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Por Yara Bayoumy e Brian Love

WASHINGTON/PARIS (Reuters) - Aliados europeus consternados buscavam salvar o acordo nuclear e preservar seus negócios com o Irã nesta quarta-feira, após o presidente Donald Trump retirar os Estados Unidos do acordo e ordenar que sanções fossem retomadas contra Teerã.

"O acordo não está morto. Há uma saída americana do acordo, mas o acordo ainda está lá”, disse o ministro das Relações Exteriores da França, Jean-Yves Le Drian.

Mas o presidente do Irã, Hassan Rouhani, um pragmático que ajudou a arquitetar o acordo de 2015 para amenizar o isolamento economicamente debilitante do Irã, disse em telefonema ao presidente da França, Emmanuel Macron, que a Europa possui somente uma “oportunidade limitada” de preservar o acordo, relatou a Agência de Notícias Estudantil Iraniana (Isna).

“A Europa... precisa esclarecer o mais rápido possível sua posição e especificar e anunciar suas intenções no que diz respeito às suas obrigações”, disse Rouhani a Macron, segundo a Isna.

Macron, que como outros líderes europeus havia tentado influenciar Trump a manter o acordo assinado antes de ele assumir o poder, pediu para Rouhani continuar respeitando o acordo e considerar negociações mais amplas.

Trump disse na terça-feira que irá retomar sanções econômicas norte-americanas, que irão penalizar companhias estrangeiras que realizam negócios com Teerã, para prejudicar o que chamou de “um horrível acordo unilateral que nunca, nunca deveria ter sido feito”.

Nesta quarta-feira, ele disse que o Irã agora irá negociar ou “algo irá acontecer”. Não ficou imediatamente claro quais ações ele sugeria que irão acontecer.

O Irã esboçou um plano “proporcional” para lidar com a ação norte-americana, disse o porta-voz do governo, Mohammad Baqer Nobakht, segundo a agência de notícias oficial Irna. Ele disse que orçamentos haviam sido esboçados para lidar com diversos cenários, embora não tenha elaborado.

Fruto de mais de uma década de diplomacia, o acordo nuclear foi feito em julho de 2015 por EUA, França, Reino Unido, Alemanha, Rússia, China e Irã.

O acordo foi feito para impedir o Irã de desenvolver uma bomba nuclear, em troca da remoção de sanções que haviam debilitado sua economia, especialmente por Washington ameaçando penalizar empresas em todo o mundo que negociassem com o Irã.

Trump se queixou que o acordo, conquista de política externa de seu antecessor, o democrata Barack Obama, não abordava o programa de mísseis balísticos do Irã, suas atividades nucleares para depois de 2025 e seu papel nos conflitos no Iêmen e na Síria.

A decisão de Trump aumenta o risco de aprofundar conflitos no Oriente Médio, coloca os EUA em desacordo com interesses diplomáticos e comerciais europeus, e provoca incertezas sobre fornecimentos globais de petróleo.

A saída dos EUA também pode fortalecer a mão de linhas-duras na política iraniana às custas de moderados como Rouhani, que haviam colocado suas esperanças no acordo para aumentar padrões de vida no Irã, com sucesso limitado por ora.

O líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, um linha-dura, disse: “Sr. Trump, digo a você em nome do povo iraniano: Você cometeu um erro... Eu disse muitas vezes desde o primeiro dia: não confie na América”.

O francês Le Drian, a chanceler da Alemanha, Angela Merkel, e a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), disseram que o Irã está honrando seus comprometimentos sob o acordo.

“A região merece algo melhor do que mais desestabilidade provocada pela saída americana”, disse Le Drian.

Mais tarde nesta quarta-feira, o secretário da Defesa dos EUA, Jim Mattis, buscou aliviar preocupações de que Washington havia se alienado de aliados com a decisão de Trump.

“Nós iremos continuar trabalhando ao lado de nossos aliados e parceiros para garantir que o Irã nunca possa adquirir uma arma nuclear, e nós iremos trabalhar com outros para abordar o alcance da influência maligna iraniana”, disse Mattis em audiência do Senado dos EUA.

“O presidente não pôde afirmar como exigido que este acordo está sendo cumprido”, disse Mattis. “Eu acho que nós agora temos a oportunidade de seguir em frente para abordar estas falhas e tornar isto mais atraente.”

© Reuters. Presidente francês Emmanuel Macron chega para evento em Aachen

A União Europeia informou que irá garantir que sanções sobre o Irã permaneçam suspensas, enquanto Teerã cumprir seus compromissos.

O Kremlin informou que o presidente da Rússia, Vladimir Putin, está “profundamente preocupado” com a saída, segundo a agência de notícias RIA.

(Reportagem adicional de Steve Holland, Tim Ahmann, Makini Brice, Warren Strobel, Jonathan Landay, Arshad Mohammed, Patricia Zengerle, David Lawder e Mohammad Zargham, em Washington; Ayenat Mersie, em Nova York; Sybille de La Hamaide, John Irish e Tim Hepher, em Paris; Parisa Hafezi, em Ancara; David Milliken e Bozorgmehr Sharafedin, em Londres; Andrew Torchia, em Dubai)

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