Por Stephanie Nebehay
GENEBRA (Reuters) - Um inquérito liderado pela Organização das Nações Unidas (ONU) que investiga o assassinato do jornalista saudita Jamal Khashoggi disse nesta quinta-feira que evidências apontam para um crime brutal “planejado e perpetrado” por autoridades sauditas.
O assassinato de Khashoggi por operadores sauditas no dia 2 de outubro provocou ampla condenação e manchou a imagem do príncipe herdeiro Mohammed bin Salman, antes admirado no Ocidente por promover profundas mudanças no reino incluindo reformas fiscais, projetos de infraestrutura e por permitir que mulheres dirigissem.
Agências de inteligência dos Estados Unidos acreditam que o príncipe herdeiro Mohammed ordenou o assassinato de Khashoggi, um crítico e colunista do jornal Washington Post, e afirmam que o corpo do jornalista foi desmembrado e levado a um local ainda desconhecido. Riad nega que o príncipe tenha tido qualquer envolvimento com o crime.
“Evidências coletadas durante minha missão na Turquia indicam a prima facie que o sr. Khashoggi foi vítima de um assassinato brutal e premeditado, planejado e perpetrado por autoridades do Estado da Arábia Saudita”, disse Agnes Callamard, relatora especial da ONU sobre execuções extrajudiciais, sumárias ou arbitrárias, em comunicado emitido em Genebra.
Agnes disse que sua missão do dia 28 de janeiro a 3 de fevereiro na Turquia com um time de três especialistas “não pôde estabelecer firmemente se a intenção original era raptar o sr. Khashoggi, com seu assassinato planejado somente na eventualidade deste rapto falhar”.
Autoridades sauditas “prejudicaram seriamente” e retardaram os esforços da Turquia para investigar a cena do crime em seu consulado em Istambul, onde Khashoggi foi solicitar documentos necessários para seu casamento, disse.
O departamento de comunicação do governo saudita e o Ministério de Relações Exteriores da Turquia não responderam de imediato a pedidos por comentários sobre o relatório.