RIO DE JANEIRO (Reuters) - Ex-jogadores, pessoas ligadas ao futebol e torcedores pediram nesta terça-feira em frente à sede da CBF, no Rio de Janeiro, a renúncia imediata do presidente da entidade, Marco Polo Del Nero, e maior cooperação de órgãos públicos em investigações contra ele e os ex-presidentes da CBF Ricardo Teixeira e José Maria Marin.
O protesto, que teve presença do ex-capitão da seleção brasileira Raí, os ex-jogadores Alex e Djalminha e o técnico Paulo Autuori, pediu à Procuradoria-Geral da República, Polícia Federal e Receita Federal para não "deixarem impunes quem corrompeu ou quer continuar a corromper o futebol pentacampeão mundial", de acordo com o manifesto dos organizadores.
Del Nero foi indiciado no início deste mês pela Justiça dos Estados Unidos, que investiga um esquema de corrupção no futebol que teria movimentado milhões de dólares em subornos com a venda de direitos de transmissão de competições. O dirigente, então, pediu licença da presidência da CBF para se defender.
O ex-presidente da CBF Ricardo Teixeira também foi indiciado e o antecessor de Del Nero, Marin, foi preso em maio na Suíça sob acusações de corrupção e agora cumpre prisão domiciliar nos EUA.
O manifesto argumenta que "a crise de corrupção é a face mais visível de um profundo problema estrutural, que travou o desenvolvimento do futebol brasileiro em todas as suas dimensões".
Alex, que leu o nome dos mais de 100 signatários do manifesto, entre eles ex-jogadores como Pelé e Zico, jornalistas e apresentadores, disse que trata-se de "um manifesto público" e "um apelo da sociedade sobre os absurdos que nós temos visto".
De acordo com o manifesto, "a atual cláusula de barreira" nas eleições da CBF, em que são necessárias oito assinaturas de federações e cinco de clubes para candidaturas, deve ser derrubada.
"O mais importante hoje em dia é quebrar o sistema, partir do zero e repensar todo o sistema que representa uma das expressões mais importantes da cultura brasileira e do dia a dia do brasileiro, que é o futebol", disse Raí.
"MAIS CALMA"
Em pronunciamento após o ato, o secretário-geral da CBF, Walter Feldman, informou que a confederação irá respeitar qualquer forma de manifestação "livre e democrática", desde que "não invada a liberdade daqueles que estão sendo atingidos e acusados".
O dirigente afirmou que os pedidos feitos pelos manifestantes estão em análise pela CBF.
"Faremos uma leitura mais calma em um momento adequado para que possamos oferecer uma resposta de como deve ser feito. O presidente interino (Marcus Vicente) me pediu que manifestasse essa posição, que é a posição de toda a diretoria atual da CBF", disse.
Feldman destacou que não existem elementos de prova contra o presidente licenciado Marco Polo Del Nero e que ele comparecerá à CPI do Futebol na quarta-feira.
"Não há nenhum elemento no FBI e na Fifa que comprove que o presidente Marco Polo esteja ligado à corrupção da Fifa. O presidente Marco Polo tem se pronunciado de maneira segura. Estará na CPI do Senado exatamente para se manifestar sobre isso, e lá vai se manifestar sobre as denúncias. Existe possibilidade real de Del Nero não ter nenhum envolvimento. Há a possibilidade de ele voltar, sim", acrescentou.
(Por Caio Saad)