(Reuters) - Um tenente do Exército comandado pelo falecido ditador chileno Augusto Pinochet foi considerado responsável por um júri da Flórida, na segunda-feira, pela tortura e assassinato do cantor popular Victor Jara em 1973, e terá que pagar 28 milhões de dólares em danos, disseram os advogados da família da vítima.
O júri do tribunal federal civil em Orlando considerou Pedro Pablo Barrientos Nunez responsável pela tortura e execução de Jara nos dias seguintes à derrubada do presidente esquerdista Salvador Allende por Pinochet.
"Tem sido uma longa jornada em busca de justiça pela morte de Victor. Suas canções continuam a ser cantadas hoje, e inspirar artistas e aqueles que buscam a justiça social", disse a viúva de Jara, Joan Jara, de 88 anos de idade, em uma declaração por escrito após o veredicto.
"Para Victor, arte e justiça social eram a mesma coisa. Hoje existe alguma justiça pela morte de Victor, e para os milhares de famílias no Chile que procuraram a verdade", disse Joan Jara.
De acordo com documentos judiciais chilenos, Victor Jara foi morto a tiros por soldados no Estádio Nacional do Chile, que serviu como um centro de detenção em massa e de tortura nos primeiros dias do governo militar.
Jara inspirou artistas como Bruce Springsteen, The Clash e U2 e sua morte logo se tornou um poderoso símbolo dos abusos da época. Durante o governo de Pinochet, que durou até 1990, estima-se que 3.200 pessoas foram mortas e 28.000 torturados pelo Estado.
Em 2013, o Centro de Justiça e Responsabilidade (CJA), uma organização dedicada à prevenção de graves violações dos direitos humanos, entrou com uma ação civil contra Barrientos, que agora vive em Deltona, Flórida, em nome da viúva e filhas de Jara.