Por Guy Faulconbridge e Costas Pitas
LONDRES (Reuters) - Defensor do Brexit, o ex-chanceler britânico Boris Johnson fez um apelo à primeira-ministra do Reino Unido, Theresa May, para que descarte sua atual propostas para a saída do país do Reino Unido, aumentando a pressão sobre a premiê no momento em que ela se prepara para enfrentar uma divisão na conferência anual de seu partido na semana que vem.
Faltando só seis meses para a desfiliação britânica da União Europeia, pouca coisa está clara: May ainda não tem um acordo de separação com a UE e alguns rebeldes de seu Partido Conservador ameaçaram votar contra qualquer pacto que ela fechar."Esse é o momento de mudar o rumo das negociações e fazer justiça às ambições e ao potencial do Brexit", escreveu Johnson, ex-secretário de Relações Exteriores que renunciou em julho em reação às propostas de May para o Brexit, em artigo no jornal Daily Telegraph desta sexta-feira.Johnson, favorito das casas de aposta para suceder May, disse que os planos da premiê deixarão o país metade dentro e metade fora do bloco ao qual se filiou em 1973 e em um estado de "vassalagem forçada".Com o título "Meu plano para um Brexit melhor", Johnson pediu um acordo de livre comércio e disse que as propostas contingenciais da UE para a Irlanda do Norte equivalem a uma anexação econômica de parte do Reino Unido. O plano delineado por Johnson conquistou o apoio de outros rebeldes, como o parlamentar conservador Jacob Rees-Mogg, que estão pressionando por um rompimento mais radical com o bloco."Esta é uma oportunidade para o Reino Unido se tornar mais dinâmico e mais bem-sucedido, e não deveríamos ter pudor de dizê-lo -- e deveríamos reconhecer que é exatamente este potencial que nossos parceiros da EU buscam restringir", escreveu.Mais de dois anos após o referendo de 2016 do Brexit, o Reino Unido, seus políticos e líderes empresariais continuam profundamente divididos quanto à separação, considerada uma das decisões mais importantes da história britânica pós-Segunda Guerra Mundial.Na consulta de 23 de junho de 2016, 17,4 milhões de eleitores, ou 51,9 por cento, apoiaram o rompimento com o bloco, e 16,1 milhões de eleitores, ou 48,1 por cento, defenderam a permanência.Uma pesquisa consolidada publicada nesta sexta-feira mostrou que hoje 52 por cento do eleitorado votaria pela permanência na UE caso houvesse um novo referendo sobre o Brexit.