Por Gram Slattery
WASHINGTON (Reuters) - Três ex-autoridades de política externa do governo de Donald Trump se reuniram com o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu e outras figuras públicas em Israel nesta segunda-feira, segundo uma pessoa com conhecimento direto do assunto.
A delegação foi composta por Robert O’Brien, o quarto e último conselheiro de segurança nacional de Trump, além do ex-embaixador norte-americano nos Emirados Árabes John Rakolta e o ex-embaixador na Suíça Ed McMullen, disse a fonte, que solicitou anonimato porque a viagem não era de conhecimento público.
Além de Netanyahu, a delegação se encontrou com o líder da oposição israelense, Yair Lapid, e várias outras autoridades israelenses, afirmou a fonte.
Entre os principais objetivos da viagem, estava obter uma compreensão melhor da complexa situação política doméstica de Israel, segundo a pessoa com conhecimento da visita. A coalizão de Netanyahu está tomada por divergências internas, com muitos israelenses culpando o governo por não ter conseguido impedir o ataque do Hamas em 7 de outubro.
Foi um caso raro de aliados de Trump viajando ao exterior em uma delegação organizada para se reunir com autoridades estrangeiras. A viagem aconteceu no momento em que as relações entre Israel e o governo do presidente dos EUA, Joe Biden, estão tensas pela conduta israelense na guerra em Gaza.
Nesta segunda-feira, o promotor da Tribunal Penal Internacional em Haia disse que solicitou mandados de prisão contra Netanyahu, seu chefe de Defesa e três líderes do Hamas por supostos crimes de guerra.
Líderes israelenses e palestinos rejeitaram acusações de crimes de guerra e representantes dos dois lados criticaram a medida. Não ficou claro em um primeiro momento se a reunião desta segunda-feira foi realizada antes ou depois do anúncio.
Mais de 35.000 palestinos foram mortos na ofensiva de sete meses de Israel contra a Faixa de Gaza, segundo autoridades de saúde do enclave governado pelo Hamas. A guerra começou quando militantes do Hamas atacaram Israel em 7 de outubro, matando 1.200 pessoas e sequestrando outras 253, das quais bem mais de 100 continuam em cativeiro em Gaza até onde se sabe, segundo contagens israelenses.
Não ficou claro o que a delegação de aliados de Trump discutiu com os israelenses. A fonte que falou com a Reuters afirmou que o grupo não estava agindo a pedido do ex-presidente e não tinha nenhuma mensagem para entregar às autoridades israelenses.
Mas todos servem como conselheiros informais de Trump, e o ex-presidente provavelmente receberá um relatório das reuniões, acrescentou a pessoa.
Trump ocasionalmente criticou Israel pela sua operação em Gaza e culpou Netanyahu por não conseguir impedir o ataque de 7 de outubro. Mas o candidato republicano à Presidência dos EUA consistentemente se apresenta como um aliado mais confiável a Israel do que o democrata Biden, seu adversário na eleição de 5 de novembro.
A Casa Branca se recusou a comentar ao ser questionada sobre a reunião.
O gabinete do primeiro-ministro israelense não respondeu a um pedido por comentários em um primeiro momento.
(Reportagem de Gram Slattery em Washington)