Por Sarah N. Lynch e Jan Wolfe
WASHINGTON (Reuters) - Uma juíza federal condenou nesta quinta-feira o conselheiro de longa data de Donald Trump Roger Stone a 3 anos e quatro meses de prisão e disse que suas mentiras aos parlamentares que investigavam a interferência da Rússia nas eleições presidenciais dos Estados Unidos de 2016 representavam um ameaça à democracia.
Depois da juíza Distrital dos EUA Amy Berman Jackson sentenciar o operador republicano veterano em Washington, Trump sinalizou que não tem planos imediatos de perdoar Stone e que deixaria o processo legal se desenrolar, acrescentando que "em algum momento tomarei uma decisão".
"Eu pessoalmente acredito que ele foi tratado de maneira muito injusta", disse Trump em Las Vegas.
Em um pronunciamento severo durante a audiência de condenação, que durou 2 horas e meia, a juíza repreendeu implicitamente Trump, que fez ataques a ela, ao júri, e aos procuradores no caso de alta importância.
"Não houve nada injusto, falso ou vergonhoso sobre a investigação ou sobre a promotoria", disse Jackson, citando palavras que o presidente republicano chegou a usar.
O advogado de Stone havia requisitado que ele não recebesse pena por aprisionamento. Stone, de 67 anos, que tem sido amigo e conselheiro de Trump há décadas, foi condenado no dia 15 de novembro por todas as sete acusações de mentir ao Congresso, obstrução da justiça e manipulação de testemunhas.
"Ele não foi processado --como alguns reclamam --por defender o presidente. Ele foi processado por tentar acobertar o presidente", disse Jackson.
"A verdade ainda existe. A verdade ainda importa", acrescentou Jackson. "A insistência de Roger Stone de que não importa, sua beligerância, seu orgulho sobre as próprias mentiras, são ameaças às nossas instituições fundamentais --à própria fundação de nossa democracia".
A juíza também disse que Stone "sabia exatamente o que ele estava fazendo" quando publicou uma imagem da juíza em uma rede social com uma mira de uma arma colocada sobre sua cabeça.
"O réu participou de conduta ameaçadora e intimidadora em direção ao tribunal", disse Jackson. "Isso é intolerável à administração da Justiça."
Stone se recusou a falar na audiência. Vestido em um terno cinza escuro listrado com um lenço de bolinhas no bolso, Stone ouviu de pé enquanto a juíza anunciava sua sentença.
Depois de sair, Stone --que ainda está submetido a uma ordem judicial de silêncio-- disse a jornalistas, "Eu não tenho nada a dizer". Em um cenário caótico do lado de fora do tribunal, Stone caminhou por um corredor de pessoas com um leve sorriso no rosto e entrou em um veículo que o esperava.
Os advogados de Stone solicitaram a Jackson um novo julgamento, e seus aliados reclamaram que alguns dos jurados haviam expressados sentimentos contrários a Trump nas redes sociais. Alguns dos aliados de Trump pediram que ele perdoasse oficialmente Stone.
Em um evento em Las Vegas para prisioneiros reabilitados, Trump elogiou Stone como uma "boa pessoa" e "um cara inteligente" enquanto repetia sua afirmação de que uma das encarregadas do júri era "totalmente tendenciosa".
Trump disse que não usaria os "grandes poderes" da Presidência enquanto Stone busca um novo julgamento, mas deixou aberta uma possibilidade de perdão.
"Eu irei assistir o processo. Eu vou assistir bem de perto", disse Trump.