BERLIM (Reuters) - Procuradores alemães acusaram um ex-guarda de um campo de concentração nazista, hoje com 92 anos, de ser cúmplice de assassinato no que será um dos últimos julgamentos de crimes de guerra da era nazista.
Procuradores de Hamburgo acusaram o réu, identificado somente como Bruno D., de cumplicidade em 5.230 casos de assassinato durante os quase nove meses que passou trabalhando na torre de vigilância de um campo de concentração no final da Segunda Guerra Mundial.
Segundo o jornal Die Welt, o primeiro a noticiar as acusações, o réu admitiu aos procuradores, durante um interrogatório voluntário no ano passado, que viu pessoas sendo levadas para ser executadas em câmaras de gás.
"Que bem teria feito eu ir embora? Eles simplesmente teriam encontrado outra pessoa", disse ele aos procuradores, de acordo com o jornal.
"Eu me sentia mal pelas pessoas lá. Não sei por que estavam lá. Sabia que eram judeus que não haviam cometido nenhum crime".
D., que tinha 17 anos quando começou a servir no campo de concentração de Stutthof, próximo de Gdansk, hoje na Polônia, disse que se uniu à SS, a ala paramilitar do partido nazista de Adolf Hitler, porque um problema cardíaco só o habilitava a um "serviço de guarnição".
Ele disse que não foi simpatizante do nazismo.
Como poucas pessoas envolvidas nos crimes genocidas da Alemanha nazista ainda estão vivas, e todas em idade avançada, os procuradores estão correndo contra o tempo para que alguma justiça seja feita às vítimas, incluindo os cinco milhões de judeus mortos no Holocausto.
(Por Thomas Escritt)