Por Julia Symmes Cobb
BOGOTÁ (Reuters) - Líderes rebeldes das hoje desmobilizadas Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) assumiram nesta sexta-feira a responsabilidade por dezenas de milhares de sequestros durante a atuação do grupo no longo conflito interno da Colômbia.
Cerca de 13 mil membros das Farc depuseram as armas graças a um acordo de paz de 2016 com o governo. O grupo se tornou um partido político chamado Comunes.
Conforme o acordo, os ex-rebeldes precisam fornecer ao tribunal Jurisdição Especial para a Paz (JEP) informações sobre crimes cometidos durante o conflito, inclusive assassinatos, sequestros, violência sexual e retiradas à força.
O reconhecimento dos crimes pode resultar em penas menores.
As Farc "assumem claramente a responsabilidade por sequestros que ocorreram e reconhecem explicitamente o sofrimento infligido injustamente a vítimas... suas famílias, amigos e, é claro, à sociedade colombiana", disse Carlos Antonio Lozada, uma autoridade do Comunes, em uma coletiva de imprensa virtual.
Os reféns sofreram condições "precárias e difíceis", acrescentou ele, que serve no Senado ocupando um assento garantido pelo acordo de paz.
Entre 1990 e 2015, 21.396 pessoas foram sequestradas ou feitas reféns pelas Farc, de acordo com cifras do tribunal.
Os comentários vieram no momento em que o grupo entregou uma resposta oficial ao JEP, que em janeiro acusou oito líderes das Farc de responsabilidade por crimes de guerra ligados a sequestros.