Por Kylie MacLellan e Joanna Taylor
LONDRES (Reuters) - O ex-primeiro-ministro britânico Tony Blair, o líder mais bem-sucedido dos trabalhistas, exortou seu partido nesta quarta-feira a se recompor da humilhação eleitoral rejeitando "o movimento de protesto" criado pelo líder Jeremy Corbyn, que está de saída.
A derrota da semana passada foi a pior do Partido Trabalhista desde 1935, e uma batalha entre os moderados e os aliados de extrema-esquerda de Corbyn pelo controle está em curso.
Blair venceu três eleições para os trabalhistas graças a uma plataforma de centro pró-mercado, e foi premiê de 1997 a 2007 – mas perdeu crédito em parte por enviar forças do Reino Unido para apoiarem o então presidente norte-americano George W. Bush na invasão do Iraque em 2003.
Os apoiadores de Corbyn dizem que Blair traiu as classes trabalhadoras e ao mesmo tempo minou a fé nos políticos, e o "Blairismo" continua seriamente maculado dentro e fora da sigla.
Depois que o partido do premiê britânico, Boris Johnson, conquistou redutos eleitorais tradicionalmente trabalhistas em áreas das classes trabalhadoras do norte e do centro da Inglaterra, incluindo o antigo bastião de Blair, o ex-líder disse que agora poucos apostarão contra outra década de domínio dos conservadores.
"A tomada do Partido Trabalhista por parte da extrema-esquerda o transformou em um movimento de protesto idealizado... inteiramente incapaz de ser um governo crível", disse Blair. "O resultado nos causou vergonha."
Os trabalhistas só conquistaram 203 cadeiras, perdendo 59, e viram sua votação encolher 7,8 pontos percentuais e ficar em 32,2%, enquanto os conservadores obtiveram 365 assentos, 47 a mais, e 43,6% dos votos.
Corbyn deixará o cargo no ano que vem, e parlamentares trabalhistas destacados, como o porta-voz do Brexit, Keir Starmer, estão cogitando concorrer para substituí-lo na liderança.