Por Angelo Amante
ROMA (Reuters) - O ex-primeiro-ministro italiano Matteo Renzi anunciou nesta terça-feira que está deixando o Partido Democrático (PD) de centro-esquerda para criar sua própria sigla, em um movimento que elevou as tensões na nova coalizão de governo e pode minar sua estabilidade.
Renzi, que liderou um governo encabeçado pelo PD entre 2014 e 2016, teve um papel de destaque na formação da coalizão neste mês depois que o partido de extrema-direita Liga, de Matteo Salvini, abandonou uma aliança com o Movimento 5-Estrelas na esperança vã de provocar uma eleição antecipada.
Renzi enfatizou que seu novo partido continuará a apoiar o governo, mas seus ex-colegas e o premiê Giuseppe Conte ainda estão espantados com uma decisão que analistas dizem poder ameaçar as perspectivas de médio prazo do governo.
"Decidi deixar o Partido Democrático e construir uma nova casa com outros", escreveu Renzi no Facebook.
Ele disse que o partido se chamará "Itália Viva".
Agora a coalizão 5-Estrelas/PD dependerá de um novo partido com sua própria pauta para manter sua maioria, o que complica as negociações de políticas de governo.
"Esta ainda não é uma ameaça mortal ao governo, mas aumenta a fragmentação e torna suas perspectivas menos animadoras", disse Francesco Galietti, chefe da consultoria de risco político Policy Sonar.
Conte, um tecnocrata próximo do 5-Estrelas, disse estar "intrigado" com a manobra de Renzi, que alterou o equilíbrio político no Parlamento e veio em má hora devido ao fato de o governo ter acabado de ser formado, segundo um comunicado emitido pelo escritório de Conte.
Renzi disse que Conte não tem nada a temer.
"Para mim, este governo pode continuar até 2023", disse ele à TV estatal RAI, referindo-se ao final do mandato parlamentar.
Em outra entrevista ao jornal La Repubblica, Renzi disse que seu novo partido aumentaria a maioria do governo.
(Reportagem adicional de Giulio Piovaccari, Gavin Jones and Giuseppe Fonte)