Por Sofia Menchu e Diego Oré
CIDADE DA GUATEMALA (Reuters) - A ex-primeira-dama Sandra Torres terá que disputar um segundo turno em agosto nas eleições presidenciais da Guatemala, depois que uma votação no domingo parecia colocá-la contra Bernardo Arévalo, outro candidato de centro-esquerda, concorrendo com uma plataforma anticorrupção.
Na manhã desta segunda-feira, em entrevista coletiva do Supremo Tribunal Eleitoral, os magistrados afirmaram que, com mais de 90% dos votos apurados, "os resultados mostram uma tendência quase definitiva" em que os partidos de Torres e Arévalo se enfrentariam em uma disputa de segundo turno. Os magistrados disseram que anunciariam os resultados definitivos ao final da manhã.
A eleição, que tem sido dominada pela preocupação com a corrupção no país centro-americano, terá um segundo turno em 20 de agosto porque Torres estava muito aquém dos 50% mais um necessários para a vitória definitiva.
Com mais de 90% de votos apurados nas seções eleitorais, Torres, do partido de centro-esquerda Unidade Nacional da Esperança (UNE), tinha 15,3% dos votos, enquanto Arévalo, do Semilla, outro grupo de centro-esquerda, contabilizava 12,1%, mostravam resultados preliminares.
Torres disse em entrevista coletiva que estava se sentindo otimista. "Estamos felizes", declarou ela. "Vamos vencer, seja contra quem for."
Mas, com quase uma em cada quatro cédulas anuladas ou deixadas em branco, os guatemaltecos expressaram descontentamento com o processo eleitoral e com a decisão de barrar o candidato favorito, o empresário Carlos Pineda. Pineda pediu aos apoiadores que anulassem os votos depois que ele foi considerado inelegível.
O terceiro candidato mais bem colocado, Manuel Conde, tinha 7,9%.
As pesquisas de opinião antes da eleição não apontavam que Arévalo, ex-diplomata e filho do ex-presidente Juan José Arévalo, chegaria ao segundo turno. Arévalo fez do combate à corrupção uma das principais prioridades de sua candidatura.
"Não viemos para ganhar as pesquisas. Viemos para ganhar as eleições", escreveu Arévalo no Twitter enquanto os resultados eram divulgados.
A campanha presidencial anterior de seu partido foi liderada pela ex-procuradora-geral e defensora anticorrupção Thelma Aldana, embora ela tenha sido impedida de concorrer em 2019 por alegada impropriedade financeira.
As apostas nas eleições guatemaltecas são altas, em meio à deterioração dos padrões de transparência e direitos humanos nos últimos anos, bem como pobreza, corrupção e violência.
Resultados preliminares apontavam para um Congresso fragmentado, no entanto, o que pode dificultar o governo do próximo presidente.