Por Catarina Demony
LONDRES (Reuters) - O falecido bilionário egípcio Mohamed Al Fayed abusou sexualmente de funcionárias de sua loja de departamentos londrina Harrods, obrigou-as a fazer exames médicos e ameaçou com consequências caso elas tentassem reclamar, disseram advogados de supostas vítimas nesta sexta-feira.
Uma mulher que trabalhou para Fayed na luxuosa loja de Knightsbridge o chamou de "um monstro".
A Harrods pediu desculpas na última quinta-feira, após mais de 20 mulheres dizerem à BBC que Al Fayed havia abusado sexualmente delas e, em alguns casos, as estuprado. Ele morreu no ano passado, aos 94 anos.
"Por trás do brilho e do glamour da Harrods havia um ambiente tóxico, inseguro e abusivo", disse a advogada Gloria Allred, em uma entrevista coletiva.
Ela disse que as alegações incluíam estupro em série, tentativa de estupro, agressão sexual e abuso sexual de menores, perpetrados ao longo de 25 anos.
Outro advogado, Dean Armstrong, disse que eles estão representando 37 mulheres e que esse número provavelmente aumentará.
Natacha é uma delas.
"Ver o obituário dele há pouco mais de um ano provocou uma emoção enorme", disse a repórteres, sem informar seu sobrenome. "Eu não conseguia acreditar que esse monstro tivesse se safado de seu crime."
De acordo com um documentário da BBC que foi ao ar na quinta-feira, a Harrods não interveio e ajudou a encobrir as alegações de abuso durante o período em que Al Fayed foi proprietário, entre 1985 e 2010.
Ele sempre negou as acusações.
A advogada Maria Mulla disse que quando as funcionárias eram selecionadas para cargos como secretária ou assistente particular, elas passavam por exames médicos, como exames de colo de útero e ovários.
"Se as mulheres perguntassem por que os exames eram necessários, elas seriam informadas... ele quer ter certeza de que você está limpa", disse Mulla.
As funcionárias eram ameaçadas se tentassem reclamar dos abusos, disse.
A Harrods declarou estar "totalmente chocada" com as alegações.
"Essas foram as ações de um indivíduo que tinha a intenção de abusar de seu poder", disse a Harrods em um comunicado. "Também reconhecemos que, durante esse período, falharam com as vítimas e, por isso, pedimos sinceras desculpas."
Al Fayed vendeu a Harrods para o veículo de investimento da família real do Catar em um negócio que, segundo informações, valeu cerca de 1,5 bilhão de libras (equivalente a 2,3 bilhões de dólares) em 2010.
A loja de departamentos disse que agora é uma "organização muito diferente".
Um porta-voz do hotel Ritz em Paris, do qual Al Fayed também era proprietário, disse que "condena veementemente qualquer forma de comportamento que não se alinhe com os valores do estabelecimento".