Por Megan Janetsky
PONDORES, Colômbia (Reuters) - A ex-combatente rebelde Yinis Pimienta caminha em meio ao calor desértico opressivo da província de La Guajira, no norte da Colômbia, passando ao largo de casas decrépitas de estuque, murais apagados sobre a paz e um punhado de cercados de porcos em um campo de antigos guerrilheiros.
A criação de porcos é só um de vários projetos para ajudar ex-combatentes a se reintegrarem à sociedade colombiana que não avançam, criando tensão no partido político formado pela liderança das antigas Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc).
As Farc assinaram um acordo de paz com o governo cinco anos atrás, encerrando sua participação no conflito armado de quase seis décadas e se tornando um partido político chamado Comunes.
Mas como a implantação do acordo vacila, o partido que defende os ideais marxistas das Farc e foi concebido para dar uma voz política aos ex-combatentes está se fraturando.
O acordo de paz rendeu um Prêmio Nobel ao então presidente colombiano, Juan Manuel Santos, mas os antigos guerrilheiros enfrentam uma violência direcionada tanto de gangues criminosas quanto de ex-camaradas, a falta de oportunidades de emprego e a tentação de se unir a rebeldes dissidentes que colhem os frutos do tráfico de drogas e da mineração ilegal.
Alguns ex-combatentes estão buscando alternativas ao Comunes, liderado por ex-comandantes das Farc que têm vagas garantidas no Congresso até 2026.
"Eles representam seus próprios interesses, mas não nos representam", disse Pimienta sobre a liderança do partido.