Por Marco Aquino
LIMA (Reuters) - Javier Pérez de Cuéllar, diplomata peruano e ex-secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU) que desempenhou um papel crucial no encerramento da guerra Irã-Iraque de 1980-1988, morreu na quarta-feira em sua casa de Lima, com 100 anos.
Pérez de Cuéllar chefiou a ONU duas vezes entre 1982 e 1991, período em que alguns dos anos mais gelados da Guerra Fria deram lugar ao fim da União Soviética e esforços maiores de cooperação internacional.
Ele foi o quinto chefe do organismo mundial e seu único líder latino-americano até hoje.
O atual secretário-geral da ONU, António Guterres, louvou a atuação de Pérez de Cuéllar para garantir a libertação de reféns norte-americanos no Líbano, além de acordos de paz no Camboja e El Salvador durante seu tempo no cargo.
"Ele era um estadista consumado, um diplomata comprometido e uma inspiração pessoal que deixou um impacto profundo nas Nações Unidas e em nosso mundo", disse Guterres.
Certa vez, Pérez de Cuéllar disse que as conquistas de que mais se orgulhava foram seu papel na conquista da independência da Namíbia e o acordo de paz que encerrou o conflito Irã-Iraque – mas seus esforços diplomáticos não bastaram para impedir a irrupção da Guerra do Golfo de 1990.
Após deixar a ONU, Pérez de Cuéllar tentou conquistar a presidência do Peru sem sucesso em 1995, perdendo para o então presidente Alberto Fujimori.
Ele atuou como primeiro-ministro de um governo de união nacional durante cerca de oito meses depois que o governo Fujimori desmoronou sob um escândalo de corrupção no final de 2000.
(Por Marco Aquino, em Lima, e Michelle Nichols, na ONU)