VIENA (Reuters) - A Áustria poderá dar uma nova medida da onda de populismo de direita que vem varrendo as democracias ocidentais neste domingo, quando o país, divido, pode eleger o primeiro chefe de estado de extrema-direita em uma eleição livre desde a segunda guerra mundial.
A apertada eleição é ainda mais dramática por ser uma repetição do pleito de seis meses atrás - realizado antes da saída do Reino Unido da União Europeia e da eleição de Donald Trump nos Estados Unidos -, o que pode mostrar se a fúria popular com a política tradicional vem crescendo.
Quando Norbert Hofer, do partido anti-imigração, anti-Islam Liberdade (FPO) perdeu por uma pequena margem nas eleições de maio - teve 49,65 por cento dos votos - os governos europeus respiraram aliviados. Enquanto isso, partidos de extrema direita como o Frente Nacional francês, comemoraram o desempenho recorde.
Pesquisas mostram que a disputa continua muito apertada e previsões são difíceis e pode novamente ser definido pelos votos feitos pelo correio, o que pode adiar o anúncio para a próxima terça-feira.
Que tipo de influência a eleição de Trump e o Brexit podem ter tido na Áustria não está claro, mas as semelhanças que levaram a esses fatos existem. Trabalhadores majoritariamente apóiam Hofer, enquanto eleitores com alto nível de formação preferem seu oponente, Alexander Van der Bellen, antigo líder do Partido Verde e que venceu a eleição em maio.
Van der Bellen, 72 anos, colocou o Brexit no centro da sua campanha, argumentando que Hofer quer propor também um referendo de saída da UE, colocando empregos em risco no país, pequeno e altamente dependente do comércio exterior.
Uma vitória de Hofer aumenta o risco de dois ataques simultâneos para as bases políticas da UE. Neste domingo, a Itália faz um referendo sobre reformas constitucionais e pesquisas mostram que o primeiro-ministro, Matteo Renzi, deve ser derrotado.
(Por François Murphy)
(Reportagem de Lisandra Paraguassu)