BARCELONA (Reuters) - Justamente quando se podia pensar que Lionel Messi estava perdendo sua paixão pelo futebol, o argentino voltou a mostrar exuberância e um vasto repertório futebolístico para liderar a campanha vitoriosa do Barcelona, campeão espanhol neste domingo.
Um Messi rejuvenescido exibiu o melhor do seu futebol durante a segunda metade da temporada, fazendo sua parte no cada vez mais mortal trio ofensivo ao lado de Neymar de Luis Suárez, que catapultou o time catalão à sua quinta conquista de Campeonato Espanhol em sete anos.
O Barça deitou e rolou sobre seus adversários em todas as competições com imponentes 29 vitórias nas últimas 32 partidas desde a virada do ano, números que mantêm a equipe no caminho para repetir a façanha da tríplica coroa de 2009.
Messi iniciou 2015 abatido após uma temporada irregular para seus altos padrões, e parecia que havia muita tensão entre ele e o novo técnico Luis Enrique.
Fora dos gramados, ele mantinha uma relação tensa com o clube, intensificada por uma acusação de sonegação de impostos, sobre a qual ele acredita não ter recebido o devido apoio do Barcelona.
Enquanto isso, o Real Madrid voava em campo no Campeonato Espanhol, terminando 2014 com um recorde de 22 vitórias consecutivas, e o arquirrival de Messi, Cristiano Ronaldo, conquistando o prêmio de Melhor Jogador do Ano.
Quando o Barça perdeu seu primeiro jogo em janeiro para a Real Sociedad fora de casa, notícias de uma briga entre Messi e Luis Enrique deram corpo à richa e intensificaram o papo de "crise" no Camp Nou.
O argentino voltou atrasado de sua folga de Natal e ficou bravo ao ser substituido na partida em San Sebastian. No dia seguinte, Messi faltou ao treinamento alegando não estar bem.
No meio da tempestade, o clube tentava se recuperar da decisão da Fifa de proibir o Barça de contratar novos atletas por duas janelas de transferência, isso depois que foram desrespeitadas regras de contratação de jogadores estrangeiros sub-18.
A confusão levou à demissão do diretor esportivo Andoni Zubizarreta, e o presidente Josep Maria Bartomeu anunciou eleições para o fim da temporada.
No entanto, o clube encontrou seu caminho em meio ao caos com uma nova relação amigável entre Luis Enrique e Messi, enquanto a impaciência da torcida insatisfeita com os rumos do clube acabou amenizada com a notícia da convocação das eleições.
As peças do quebra-cabeça se encaixaram perfeitamente dentro das quatro linhas assim que Luis Enrique passou a adotar um novo esquema baseado nos contra-ataques.
Outra novidade foi Luis Suárez, que teve um início morno de temporada em outubro após sua suspensão pela mordida no italiano Giorgio Chiellini na Copa do Mundo de 2014. O uruguaio começou a se encontrar em campo e mostrar toda sua qualidade; ele e Neymar, então, passaram a ser as companhias perfeitas para Messi.
Enquanto o Barça se encontrava, o Real Madrid se perdia, com Cristiano Ronaldo incapaz de manter sua fase implacável que marcou o início da temporada, e sofrendo com lesões de jogadores importantes como Gareth Bale, Luka Modric e James Rodríguez.
A gota d'água foi no fim de março, quando o Barça ganhou o clássico e abriu quatro pontos na liderança da tabela, sem precisar, até hoje, olhar pelo retrovisor.
A partir daquele jogo com a Real Sociedad, Messi, que marcou o gol do título contra o Atletico de Madri neste domingo, disputou todas as partidas seguintes e Luis Enrique foi só elogios ao craque.
"Messi é o melhor do mundo sem dúvida e para mim é o melhor da história do futebol", disse ele recentemente.