Por Alexandra Valencia
QUITO (Reuters) - O ex-vice-presidente do Equador Jorge Glas regressou à prisão na cidade de Guayaquil após receber alta do hospital nesta terça-feira e se encontra com um estado de saúde aceitável, informou a agência penitenciária SNAI.
Glas, que já foi condenado duas vezes por corrupção e agora enfrenta novas acusações, foi preso na sexta-feira após uma incursão policial na embaixada mexicana em Quito, onde estava morando desde dezembro.
Ele foi levado para o hospital naval em Guayaquil na segunda-feira, depois que o serviço penitenciário disse que ele se recusou a comer a comida fornecida na prisão.
"De acordo com as avaliações realizadas pelo pessoal (do hospital), o cidadão está agora apresentando parâmetros aceitáveis de saúde, dentro da faixa normal", disse a SNAI em um comunicado na mídia social X, anteriormente conhecida como Twitter.
A SNAI confirmou que Glas estava de volta à prisão Guayas Nº3 e disse que "cuidará da proteção da integridade física" do ex-vice-presidente.
Esta semana, os advogados de Glas expressaram preocupação com o fato de Glas não poder falar com sua equipe jurídica, que advertiu repetidamente que a vida do político poderia estar em perigo na prisão.
"Ontem bloquearam minha entrada no hospital naval, o que significa que as regras humanas e as leis internacionais e nacionais foram violadas", disse o advogado Eduardo Franco Loor à Reuters, acrescentando que foi apresentada uma moção para a libertação de Glas.
A invasão incomum que levou à prisão de Glas acirrou uma disputa latente entre o Equador e o México, levando o México a suspender as relações diplomáticas com o Equador e atraindo críticas de países da região e de outros lugares.
Ambos os países defenderam suas ações, mas também disseram que estão dispostos a trabalhar em suas relações.
O governo do Equador afirmou ter provas de que Glas estava planejando fugir, embora não tenha fornecido detalhes.
Vídeos de dentro da embaixada transmitidos durante a coletiva de imprensa diária do presidente mexicano Andrés Manuel López Obrador nesta terça-feira mostraram uma porta aberta violentamente, bem como um homem, que parecia ser Glas, sendo carregado para fora, por policiais.
O vídeo também mostrava funcionários da embaixada tentando bloquear outra porta, mas sendo afastados por agentes de segurança equatorianos armados.
"Não podemos permitir que algo assim passe despercebido. Não ficaremos calados", disse López Obrador, acrescentando que o vídeo será usado na solicitação do México para que a Corte Internacional de Justiça da ONU assuma o caso.
Glas, que é de esquerda e foi vice-presidente de 2013 a 2017, foi condenado a seis anos de prisão em 2017 por aceitar subornos da construtora brasileira Odebrecht em troca de contratos estatais.
Ele foi condenado novamente em 2020 por usar dinheiro de empreiteiras para financiar campanhas para o movimento político do ex-presidente Rafael Correa e recebeu uma sentença de oito anos.
Glas cumpriu mais de quatro anos de prisão antes de ser libertado em 2022. Ele agora enfrenta acusações de uso indevido de fundos de reconstrução após um terremoto devastador em 2016.
Glas há muito tempo alega que as acusações contra ele são politicamente motivadas, uma acusação que os promotores negam.
(Reportagem de Alexandra Valencia em Quito, reportagem adicional de Raul Cortes Fernandez na Cidade do México)