ISLAMABAD/NOVA DÉLHI (Reuters) - O ativista paquistanês de mídias sociais Hanzala Tayyab lidera cerca de 300 guerreiros cibernéticos ultra-nacionalistas que lutam na guerra da internet com a Índia, em uma batalha que está sugando cada vez mais gigantes da tecnologia global como Twitter e Facebook.
Tayyab, 24 anos, passa seus dias no Facebook e em chats criptografados do WhatsApp, organizando membros de seu grupo Força Cibernética Paquistanesa para promover conteúdo anti-Índia e torná-lo viral, inclusive no Twitter, onde ele tem mais de 50 mil seguidores.
Isso vai desde destacar supostos abusos dos direitos humanos a endeusar rebeldes que combatem as forças de segurança indianas na Caxemira, uma disputada região do Himalaia no centro das tensões históricas entre Paquistão e Índia.
O trabalho de Tayyab ficou mais difícil na segunda-feira, quando a conta do Facebook da Força Cibernética Paquistanesa foi tirada do ar, uma das 103 contas paquistanesas que a gigante das mídias sociais disse ter deletado por causa de "comportamento não autêntico" e spam. Algumas contas nacionalistas indianas também foram suspensas nas últimas semanas.
Retratando-se como um combatente online defendendo o Paquistão das tentativas da Índia de desestabilizar seu país, Tayyab planeja continuar desempenhando seu papel na guerra de informação mais ampla que está sendo travada entre os dois inimigos, ambos armados nuclearmente.
"Estamos combatendo a narrativa indiana através da mídia social, estamos combatendo os inimigos do Paquistão", disse Tayyab à Reuters na capital Islamabad.
Com uma população combinada de 1,5 bilhão de pessoas, Índia e Paquistão são mercados com grande potencial para o crescimento do Facebook e do Twitter, dizem analistas.
Mas com muitos grupos ultra-nacionalistas e extremistas na região usando as plataformas Facebook e Twitter para promover sua agenda política, ambas as empresas enfrentam acusações de parcialidade sempre que suspendem contas.
O Facebook tem sido atingido por controvérsias em todo o mundo nos últimos anos, inclusive por não parar o uso de contas falsas para tentar influenciar a opinião pública nas eleições presidenciais norte-americanas de 2016 e na votação do Reino Unido para deixar a União Europeia (UE) e por não agir para erradicar o discurso de ódio em sua plataforma que estava alimentando a violência étnica em Mianmar.
Uma porta-voz do Twitter disse: "Acreditamos na imparcialidade e não tomamos nenhuma ação com base em pontos de vista políticos".
Um porta-voz do Facebook disse à Reuters que a empresa não removeu as contas do Paquistão por causa da pressão do governo indiano, mas porque as pessoas por trás delas se coordenaram e usaram contas falsas para se apresentar falsamente.
"Quando interrompemos essas redes por um comportamento coordenado e não autêntico, é por causa de seu comportamento enganoso e não por causa do conteúdo que estão compartilhando, ou de ideologia ou tendências políticas das pessoas por trás delas", disse o Facebook.
(Por Drazen Jorgic e Alasdair Pal)