Por Katharine Houreld
NAIROBI (Reuters) - As famílias das vítimas da queda de um jato passageiros da Boeing (NYSE:BA) na Etiópia criticaram nesta quinta-feira o plano da companhia norte-americana de doar 100 milhões de dólares para instituições de caridade e comunidades atingidas pela queda de dois aviões 737 MAX, afirmando que a iniciativa é vaga e que as famílias deveriam ter sido consultadas antes.
Algumas das famílias afirmaram que o anúncio da Boeing na quarta-feira também disparou uma avalanche de ligações telefônicas de parentes e conhecidos que acreditam que elas já receberam o dinheiro da companhia norte-americana.
"Isso é inaceitável. Eles não nos consultaram, soubemos disso apenas nesta manhã", disse Quindos Karanja, um professor aposentado cuja esposa, filha e três netos morreram na queda do avião da Boeing em 10 de março. "Isso não foi de boa fé."
A queda do Boeing 737 MAX ocorreu apenas cinco meses após outro avião do mesmo modelo cair no mar na costa da Indonésia. Os dois desastres juntos mataram 346 pessoas, disparando um alerta global que impediu a continuação dos voos da aeronave e eliminou bilhões de dólares do valor de mercado da Boeing.
"É como jogar sal na ferida... Eles não consultaram qualquer família", disse a advogada Kabau-Wanyoike, que teve irmão mais novo morto na queda do avião operado pela Ethiopian Airlines. "Minha família está sendo perturbada por pessoas perguntando se o dinheiro chegou", acrescentou ela.
A Boeing não informou como o dinheiro que se propôs a doar será dividido e quais organizações seriam beneficiadas.
Um porta-voz da Boeing afirmou que apenas poderia dizer que a oferta de doação "é absolutamente independente dos processos abertos. Isso vai ajudar na educação e despesas diárias das famílias atingidas, programas comunitários e desenvolvimento econômico destas comunidades".