HAVANA (Reuters) - A guerrilha colombiana Farc solicitou nesta sexta-feira que as vítimas do conflito armado tenham representação direta no Congresso Nacional da Colômbia, na mais recente proposta a ser apresentada durante as negociações de paz com o governo do presidente Juan Manuel Santos, realizadas em Havana.
As Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) e o governo reiniciaram nesta semana as conversas de paz para dar fim a um violento conflito armado que já causou 220 mil mortes e deixou 4,7 milhões de pessoas desalojadas e 25 mil desaparecidas, de acordo com dados oficiais.
Ambos os lados discutem sobre a reparação das vítimas, um dos pontos-chave para se encerrar uma guerra de mais de meio século no país sul-americano, após acordos parciais terem sido alcançados em outras áreas.
"As Farc propõem a direta participação política das vítimas do conflito", disse o grupo guerrilheiro em um comunicado à imprensa.
As Farc pediram "um pleito especial para as vítimas, com vigência de três períodos, em se elegeriam dois senadores e quatro representantes na Câmara. A metade dessa representação será para mulheres", disse Ricardo Téllez, integrante da delegação do grupo guerrilheiro, ao ler o texto para jornalistas.
Pouco antes do começo de uma nova rodada de negociações, Téllez explicou que "a participação das vítimas do conflito e suas organizações não se limita aos assuntos relacionados com a materialização de seus direitos, mas se refere ao conjunto da política nacional".
Ele acrescentou que "se garantirá sua participação em outras instâncias de debate e do planejamento de políticas públicas".
O grupo guerrilheiro e a delegação governamental encabeçada pelo ex-vice-presidente Humberto de la Calle ouviram nos últimos meses o testemunho de cerca de 60 vítimas do conflito, que foram de Bogotá a Havana para exigir justiça e impulsionar um eventual acordo de paz.
A delegação do governo colombiano não deu declarações no centro de convenções de Havana.
Ainda que as partes venham dialogando há mais de dois anos em Cuba, os confrontos seguem sem trégua nas selvas e montanhas da Colômbia.
(Reportagem de Nelson Acosta) 2015-02-06T225304Z_1006940001_LYNXMPEB1512J_RTROPTP_1_MUNDO-COLOMBIA-FARC-CONGRESSO.JPG