Por Bernie Woodall e Zachary Fagenson
PARKLAND, Estados Unidos (Reuters) - O FBI foi alertado no ano passado sobre um ameaçador comentário online de um rapaz de 19 anos acusado de ter matado 17 pessoas em seu antigo colégio, mas não foi capaz de localizá-lo, disse um agente nesta quinta-feira.
Autoridades disseram que o ex-aluno, identificado como Nikolas Cruz, entrou na quarta-feira no colégio Marjory Stoneman Douglas, em Parkland, próximo a Miami, e abriu fogo com um fuzil AR-15, no segundo ataque a tiros mais mortal em uma escola pública na história dos Estados Unidos.
Cruz pode ter deixado sinais de alerta nas redes sociais na forma de um comentário em um vídeo no YouTube que dizia “Eu serei um atirador de escola profissional”. O comentário perturbou a pessoa que publicou o vídeo comentado por Cruz, o fiador de Mississippi Ben Bennight, que passou o comentário para o FBI, de acordo com um vídeo que publicou na noite de quarta-feira.
"Nenhuma outra informação estava incluída com este comentário que poderia indicar uma localização em tempo ou a verdadeira identidade da pessoa que fez o comentário”, disse o agente especial do FBI Robert Lasky a repórteres. Investigadores não puderam encontrar o comentarista, acrescentou.
O FBI está realizando uma extensa revisão de como lidou com a denúncia para ver se erros foram cometidos, disse uma autoridade da lei federal à Reuters.
O ataque a tiros de quarta-feira foi o 18º em uma escola nos EUA neste ano, de acordo com o grupo de controle de armas Everytown for Gun Safety. O ataque agitou o fervoroso debate norte-americano sobre o direito de possuir armas, que é protegido pela Segunda Emenda da Constituição dos EUA.
O presidente Donald Trump falou sobre o ataque em um discurso na Casa Branca que enfatizou segurança nas escolas e saúde mental, evitando qualquer menção à política de armas.
“Não é suficiente simplesmente tomar ações que nos façam sentir que estamos fazendo uma diferença”, disse Trump na Casa Branca. “Nós devemos realmente fazer a diferença”.
O superintendente de escolas do condado de Broward, Robert Runcie, pediu ação sobre leis de armas. “Agora é hora deste país ter uma conversa real sobre leis sensatas de controle de armas”, disse Runcie em entrevista coletiva.
Democratas na Câmara dos Deputados dos EUA criticaram a liderança republicana por ter se recusado a aprovar legislação sobre fortalecimento de verificação de antecedentes para possíveis compradores de armas.
“É apavorante”, disse o deputado Mike Thompson durante entrevista coletiva. “Trinta pessoas por dia são mortas por alguém usando uma arma, e o melhor que podemos fazer é dizer que precisamos de mais informação?”.
O Congresso, controlado pelo Partido Republicano, revogou no ano passado regulações da era Obama que tinham objetivo de dificultar que pessoas com doenças mentais sérias fossem aprovadas em verificações do FBI para armas, dizendo que a regra privava doentes mentais de seus direitos de armas.
Ao menos um membro do gabinete de Trump pediu ação do Congresso.
“Pessoalmente, eu acho que violência de armas é uma tragédia, o que vimos ontem, e eu peço para o Congresso analisar estas questões”, disse o secretário do Tesouro, Steven Mnuchin, a parlamentares.
Quinze pessoas ficaram feridas no ataque de quarta-feira, de acordo com autoridades de hospitais locais.
O autor do ataque, Cruz, havia participado de um treinamento paramilitar com uma milícia nacionalista branca da Flórida chamada Republic of Florida, disse um líder do grupo.
Autoridades disseram que Cruz usava uma máscara de gás conforme andava pela escola carregando um fuzil, munição e granadas de gás. Ele então acionou um alarme de incêndio, fazendo com que alunos e funcionários saíssem das salas para os corredores, de acordo com dois senadores da Flórida, que foram informados por autoridades federais.
Ele amava armas e havia sido expulso por razões disciplinares não especificadas, disseram a polícia e ex-colegas de classe.
Em uma breve aparição no tribunal, Cruz falou apenas duas palavras, "Sim, senhora", quando uma juíza pediu-lhe para confirmar seu nome. Ele permanecerá preso.
Foi o segundo tiroteio mais mortal em uma escola pública dos EUA após o massacre, em 2012, de 20 alunos de primeiro ano e seis educadores da escola básica Sandy Hook em Newtown, Connecticut.
O ataque a tiros mais mortal em uma escola na história dos EUA foi em Virginia Tech, em 2007, quando 32 pessoas foram mortas.