Por Belén Carreño e Emma Pinedo
MADRI (Reuters) - O líder da oposição de direita da Espanha, Alberto Núñez Feijóo, lançou nesta terça-feira uma tentativa provavelmente infrutífera de formar um governo, após a eleição de julho na qual nenhum partido obteve maioria.
O Partido Popular (PP) de Feijóo conquistou o maior número de cadeiras na eleição, mas até agora não conseguiu reunir votos suficientes para uma maioria parlamentar, apesar do apoio do partido de extrema-direita Vox.
Os debates começam nesta terça-feira e a votação que exige maioria absoluta ocorrerá na quarta-feira. Feijóo terá uma segunda votação na sexta-feira, que exige apenas uma maioria simples.
Se, como esperado, Feijóo fracassar, o primeiro-ministro interino Pedro Sánchez, que lidera o Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE), terá dois meses a partir de quarta-feira para fazer sua tentativa antes que o Parlamento seja dissolvido e novas eleições sejam convocadas.
Com poucas chances de formar um governo, Feijóo usou o debate para atacar Sánchez, que tem uma chance mais realista, mas somente com o apoio do linha-dura Juntos pela Catalunha, que busca uma anistia controversa para líderes e ativistas pró-independência envolvidos em uma tentativa de separar a Catalunha da Espanha em 2017.
Sánchez foi recebido com vaias do lado de fora do Parlamento quando chegou para participar do debate.
Em seu discurso de abertura, Feijóo disse que poderia ter feito um acordo com Juntos pela Catalunha para se tornar primeiro-ministro, mas que não estava disposto a "pagar o preço que eles estão exigindo".
"A Espanha está passando por uma deterioração institucional sem precedentes", declarou Feijóo. "No projeto que vim apresentar a vocês, não há anistia, não há autodeterminação para uma parte da nação."
Com o apoio do Vox (33 cadeiras) e dos partidos regionais União do Povo Navarro (1 cadeira) e Coalizão Canária (1 cadeira), o PP (137 cadeiras) tem 172 votos, quatro a menos que a maioria na câmara de 350 cadeiras.
Outros partidos menores se recusaram a dar seus votos, dizendo que não gostariam de facilitar uma coalizão com um partido de extrema-direita.
O PSOE provavelmente poderá contar com 171 cadeiras com o apoio do partido de extrema-esquerda Sumar, do partido catalão pró-independência Esquerra, dos separatistas bascos EH Bildu, do Partido Nacionalista Basco e do Bloco Nacionalista Galego.
Os sete votos do Juntos pela Catalunha seriam, portanto, suficientes para alcançar a maioria.