Por Raya Jalabi
BAGDÁ (Reuters) - Membros de grupos rivais de motociclistas, vestidos com roupas de couro e boinas pretas, deixavam os seus semicírculos para dançar o break, com os seus braços tatuados movimentando pequenos tubos brilhantes.
O círculo do Mongols Motorcycle Club era um dos vários do evento Riot Gear (equipamento de choque, em tradução literal), que combinou uma exposição de carros e um concerto num estádio esportivo no coração de Bagdá.
A cena não poderia ser mais diferente das tradicionais imagens de violência e caos que são transmitidas da cidade. Contudo, quase dois anos depois de o Iraque ter declarado vitória sobre o Estado Islâmico, a capital vem quietamente refazendo a sua imagem.
Desde que começaram a vir abaixo os muros contra explosão, uma característica da capital desde a invasão liderada pelos norte-americanos em 2003 para derrubar Saddam Hussein, um estilo de vida menos restritivo tem aparecido.
"Nós organizamos essa festa para que as pessoas possam saber que o Iraque tem esse tipo de cultura, e esses tipos de pessoas que amam a vida e a música”, disse Arshad Haybat, de 30 anos, diretor de filmes, que fundou a empresa de eventos Riot Gear.
A Riot Gear já tinha feito festas similares no Iraque, mas a de sexta-feira foi a primeira aberta ao público.
O dia começou com homens jovens exibindo carros e motos importadas. À noite, o evento se tornou uma show de música eletrônica.
Um grupo iraquiano de hip-hop tocava, enquanto homens jovens dançavam e transmitiam os seus movimentos pelo Snapchat e o Instagram.
Era uma mistura de nascentes subculturas de Bagdá: motos, gamers, entusiastas de musica eletrônica. O que a maioria tinha em comum era que eles nunca haviam estado numa festa como aquela no Iraque.
"A gente somente viu esse tipo de show em TVs e filmes”, disse Mustafa Osama, de 21 anos. “Eu não posso descrever o que sinto vendo isso no Iraque.”
Apesar de dominada por homens, muitas mulheres também foram à festa, com algumas dançando perto do palco. Os organizadores garatiram uma “área de família” para que mulheres, famílias e casais pudessem dançar longe da multidão.
(Reportagem de Raya Jalabi)