(Reuters) - A Fifa renegou nesta quinta-feira os comentários feitos pelo diretor do comitê de reforma da entidade, que questionou a razão de autoridades norte-americanas estarem investigando a corrupção no futebol, descrito por ele como "somente um esporte étnico praticado por meninas em escolas" nos Estados Unidos.
Os comentários de François Carrard, indicado recentemente como presidente do comitê de 15 pessoas formado para reformar a Fifa, foram publicados no domingo pelo jornal suíço La Matin Dimanche. Eles rapidamente atraíram as críticas dos que desejam amplas reformas na Fifa, que acusaram Carrard de não levar seu cargo a sério.
A entidade máxima do futebol mundial disse em um comunicado enviado à Reuters que Carrard não falou em nome da organização.
"Qualquer comentário por indivíduos associados à Fifa a respeito das investigações em andamento e as condições do futebol nos EUA deve ser visto como opiniões pessoais, e não refletem as visões ou os posicionamentos da Fifa", disse o texto.
Além de questionar as razões pelas quais as autoridades dos EUA gastam tempo no inquérito, por entender que o futebol possui apelo muito limitado entre os cidadãos norte-americanos, Carrard afirmou que o presidente da Fifa, Joseph Blatter, tem sido tratado de modo injusto e que a corrupção no esporte estava limitada somente a alguns representantes sujos.
As autoridades dos EUA anunciaram em maio o indiciamento de nove dirigentes atuais ou antigos da Fifa, muitos dos quais possuiam cargos na entidade, assim como de cinco executivos da área de marketing. Procuradores disseram que os 14 envolvidos corromperam o esporte ao concordarem com o pagamento de mais de 150 milhões de dólares em propinas e comissões por direitos de transmissão e marketing.
Os comentários de Carrard e a rápida resposta da sede da Fifa em Zurique, na Suíça, expõem as profundas cisões existentes dentro da organização e de seus órgãos afiliados, indicando que a condução de qualquer mudança radical na Fifa será um processo extremamente difícil.
A Fifa também disse em sua resposta que vê as investigações das autoridades norte-americanas e suíças como chave para seus planos de reforma e que está cooperando com as autoridades.
E acrescenta: "O crescimento do futebol e o aumento dos níveis de participação nos EUA têm sido enormes e demonstram a paixão da nação pelo esporte."
(Por David Ingram e Simon Evans)