Por Ali Kucukgocmen
ISTAMBUL (Reuters) - O filantropo turco Osman Kavala foi sentenciado à prisão perpétua sem liberdade condicional, nesta segunda-feira, depois de ser condenado por tentar derrubar o governo ao financiar protestos, em um caso que o principal tribunal da Europa e potências ocidentais dizem ter motivação política.
Kavala, de 64 anos, estava preso há 4 anos e meio sem condenação e negou as acusações que enfrentou pelos protestos de Gezi, que começaram como pequenas manifestações em um parque de Istambul em 2013 e se transformaram em atos antigovernamentais em todo o país.
O tribunal também condenou outras sete pessoas a 18 anos de prisão cada por ajudarem na tentativa de derrubar o governo. A corte informou que decidiu absolver Kavala das acusações de espionagem devido à falta de provas.
A sala do tribunal estava lotada com mais de 200 pessoas, incluindo membros da oposição, diplomatas ocidentais e ativistas de direitos humanos.
Os apoiadores dos réus gritaram com os juízes enquanto a decisão era lida. Muitos deles choraram quando os sete réus, incluindo a arquiteta Mucella Yapici, de 71 anos, foram presos.
"Este é apenas o começo; a luta continua", gritava a multidão.
Em suas últimas palavras antes do veredicto, Kavala disse que o pedido da promotoria para uma sentença de prisão perpétua foi baseado em "evidências que não são evidências" e equivalia a "um ato de assassinato pelo uso do Judiciário".
Kavala desempenhou um papel importante no desenvolvimento da sociedade civil turca antes de ser detido em 2017, a partir de uma editora que visava promover mudanças sociais após o golpe de 1980 na Turquia para impulsionar a cultura por meio de sua organização Anadolu Kultur.