Por Rich McKay
ATLANTA (Reuters) - A filha do líder da luta pelos direitos civis nos Estados Unidos Martin Luther King se posicionou nesta segunda-feira, feriado em homenagem ao seu pai, ao lado do congressista negro e ativista John Lewis em uma controvérsia surgida no fim de semana com o presidente eleito dos EUA, Donald Trump.
Lewis, de 76 anos, é contemporâneo de King e foi vítima de espancamentos além de ser preso na luta pela igualdade racial na década de 1960. Ele disse em uma entrevista transmitida pela TV que vê a eleição de Trump como ilegítima por conta da interferência russa, o que gerou uma reação dura do presidente eleito.
Bernice King, filha mais nova de Martin Luther King, que faria 88 anos no domingo, teve seu discurso interrompido em vários momentos por aplausos na Igreja Batista Ebenezer, em Atlanta, localizada no distrito pelo qual Lewis foi eleito e onde King já pregou.
Ela disse à plateia para não abandonar a esperança e para "não temer quem está sentado na Casa Branca".
"Deus pode triunfar sobre Trump", disse ela, sendo aplaudida de pé.
Bernice King também saiu se colocou ao lado de Lewis na defesa do distrito representado pelo parlamentar, que o presidente eleito disse, em comentários publicados no Twitter, que está "infestado pelo crime" e "se desfazendo".
"Muitos de vocês aqui são orgulhosos moradores do quinto distrito congressual e somos orgulhosos do progresso que fizemos aqui e nesta cidade", disse ela.
A missa na Igreja Batista Ebenezer acontece todos os anos no Dia de Martin Luther King Jr., um feriado federal que homenageia o homem que lutou pela justiça racial até ser assassinado em 1968 aos 39 anos.
Neste ano, o feriado ocorreu dias antes de o presidente dos EUA, Barack Obama, o primeiro negro a ocupar o posto, encerrar seu segundo mandato na Casa Branca. Trump toma posse na sexta-feira.
Trump, por sua vez, elogiou King pelo Twitter nesta segunda.
"Celebrem o Dia de Martin Luther King e todas as coisas maravilhosas que ele defendeu. Honrem-no por ser o grande homem que ele foi", tuitou.
Trump, que obteve apenas 8 por cento de votos do eleitorado negro, tem marcada para esta segunda uma reunião com o filho de King, Martin Luther King 3º, em seu escritório em Nova York, segundo mensagem no Twitter do porta-voz do presidente eleito Sean Spicer.