Por Enrico Dela Cruz
MANILA (Reuters) - As Filipinas anunciaram nesta segunda-feira que executaram uma “operação especial” para remover uma barreira flutuante instalada pela China numa zona de pesca privilegiada no Mar do Sul da China, uma medida que poderá alimentar a tensão após uma trégua de anos nas águas mais disputadas da Ásia.
As Filipinas expressaram indignação no domingo e compartilharam imagens da guarda costeira chinesa policiando uma longa barreira de boias perto de Scarborough Shoal, um afloramento rochoso a 200 km das Filipinas e local de anos de conflitos sobre soberania e direitos de pesca.
Horas depois de o conselheiro de segurança nacional ter prometido tomar medidas, a guarda costeira filipina disse ter removido o cordão flutuante, a pedido do presidente Ferdinand Marcos Jr. e da sua força-tarefa especial no Mar do Sul da China.
"A barreira representava um perigo para a navegação, uma violação clara do direito internacional. Também dificulta a realização de atividades de pesca e de subsistência dos pescadores filipinos", afirmou a guarda costeira em comunicado, descrevendo o banco de areia como "uma parte integrante do território nacional filipino".
O Ministério das Relações Exteriores da China não fez menção direta à barreira flutuante, mas nesta segunda-feira defendeu as ações de sua guarda costeira como “medidas necessárias” depois que um navio de pesca filipino “invadiu” suas águas na sexta-feira.
A troca de farpas sublinha as relações tensas entre a China e as Filipinas, no momento em que Manila está fortalecendo rapidamente os laços militares com a potência rival Washington, uma medida que tem irritado Pequim.
O estratégico Scarborough Shoal, batizado em homenagem a um cargueiro britânico que encalhou no século 18, foi tomado em 2012 pela China, que desde então mantém uma presença constante da guarda costeira e de traineiras de pesca.
Sob o antigo presidente pró-China das Filipinas, Rodrigo Duterte, os pescadores chineses e filipinos desfrutavam desde 2017 de uma coexistência pacífica no banco de areia, conhecido pela sua deslumbrante lagoa azul-turquesa que serve de santuário para os barcos de pesca durante as tempestades.
O Ministério das Relações Exteriores das Filipinas disse que a barreira era uma violação do direito internacional e que Manila iria “tomar todas as medidas apropriadas para proteger a soberania do nosso país e o sustento dos nossos pescadores”.