Por Chris Gallagher
TÓQUIO (Reuters) - Refugiados rohingyas fogem de Mianmar em busca de uma nova vida na Malásia, mas acabam sofrendo uma violência contínua no filme "Aqerat", que pinta um quadro complicado de uma jovem mulher envolvida com tráfico humano.
A onda de imigrantes rohingyas em Bangladesh rendeu manchetes em todo o mundo nos últimos meses, mas foi o sofrimento do "povo dos barcos" rohingya dois anos atrás que motivou o diretor Edmund Yeo a fazer o filme.
Yeo disse que as notícias sobre covas coletivas de pessoas que se acredita-se serem principalmente vítimas rohingyas de traficantes de pessoas, descobertas perto da fronteira da Malásia com a Tailândia em 2015, chamou sua atenção para as condições dos imigrantes de países vizinhos.
"Isso me inspirou a explorar mais o que aconteceu", disse Yeo durante uma sessão de perguntas e respostas realizada no sábado, após a estreia da produção na competição principal do Festival Internacional de Cinema de Tóquio.
"Percebi que, à medida que tentavam fugir de seu próprio país, muitos deles vieram à Malásia atrás de uma vida melhor, mas a verdade é que a vida não está melhor para eles", disse o diretor.
"Aqerat" acompanha Hui Ling, interpretada pela atriz malaia Daphne Low, uma jovem que poupa com dificuldade para se mudar para Taiwan até que sua colega de quarto e o namorado fogem com suas economias.
Desesperada por dinheiro, ela começa a trabalhar para uma gangue de tráfico humano, mas o emprego se torna um fardo emocional quando ela testemunha espancamentos violentos e mortes.
Yeo escolheu o título "Aqerat" depois de descobrir que a palavra significa "vida após a morte" na língua rohingya, semelhante à expressão malaia de mesmo significado, "Akhirat".
"Eles estão tentando fugir de Mianmar, estão tentando buscar uma vida após a morte", afirmou. "Será que a Malásia é sua vida após a morte"?
Na sequência "Aqerat" será exibido em festivais internacionais de cinema de Cingapura e de Kerala, na Índia.