Uma embarcação do controle de fronteira da Finlândia interceptou na 5ª feira (26.dez.2024) um navio clandestino da Rússia que teria cortado um cabo de transmissão de energia no mar Báltico.
O cabo danificado foi o EstLink2, que conecta a Finlândia à Estônia por meio do Golfo da Finlândia e transporta energia para a Alemanha. De acordo com o site oficial da Fingrid, empresa finlandesa de energia, o EstLink2 tem capacidade de transmitir 650 megawatts de energia e, com ele, a transmissão total de energia entre finlandeses e estonianos chega a 1.000 megawatts.
Ainda conforme a Fingrid, o cabo possui 170 quilômetros de extensão, dos quais 145 km são submersos no mar Báltico. Outros 14 km passam por dutos terrestres na Finlândia e mais 11 km completam o trajeto com dutos enterrados na Estônia.
O investimento para a construção do EstLink2 foi de 350 milhões de euros e a estrutura foi inaugurada em 2014.
O presidente da Finlândia, Alexander Stubb (Coligação Nacional, direita), publicou em seu perfil no X (antigo Twitter) sobre a situação no Báltico. Ele disse que teve uma reunião com as autoridades envolvidas no caso e reforçou a necessidade de se prevenir contra o que chamou de “tropa fantasma de navios russos”.
Estes navios são utilizados pela Rússia para exportar petróleo ilegalmente, depois das sanções impostas por conta da guerra contra a Ucrânia. As embarcações navegam sem bandeira e também são utilizadas para ataques pontuais, como os cortes de cabos submarinos.
O primeiro-ministro finlandês, Petteri Orpo (Coalizão Nacional, centro-direita), afirmou em post no X que a interrupção do EstLink2 não afetará o suprimento de eletricidade no país
O primeiro-ministro da Estônia, Kristen Michal (Partido Reformista Estoniano, direita), também reagiu nas redes sociais. Ele afirmou que está em contato com outros países Bálticos para solucionar o problema e assegurou que meios de comunicação –principalmente a internet– não serão afetados.
A ação russa rendeu retaliações internacionais. A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, declarou que o incidente no mar Báltico é uma “ameaça à infraestrutura da União Europeia”. Ela felicitou o que chamou de “rápida ação” das autoridades finlandesas e ressaltou a necessidade de incrementar a proteção aos meios energéticos europeus, sobretudo cabos submarinos.
O secretário-geral da OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte), Mark Rutte, chamou a ação da embarcação russa de “sabotagem” e disse que a aliança condena qualquer ataque a infraestruturas energéticas europeias. Ele afirmou que o caso será investigado e ofereceu apoio a Finlândia e Estônia.
Finlândia, Estônia, Dinamarca, Suécia, Rússia, Letônia, Lituânia, Polônia e Alemanha são os países banhados pelo mar Báltico. As nações estão em estado de alerta máximo desde 2022, quando uma série de cortes e interrupções em cabos de energia, links de telecomunicações e gasodutos tiveram início. Esses equipamentos submersos têm de ser constantemente monitorados por causa do alta risco de mau funcionamento ou acidentes.