Por Nidal al-Mughrabi e Sinan Abu Mayzer
GAZA/JERUSALÉM (Reuters) - A polícia israelense entrou em confronto com palestinos na mesquita de Al-Aqsa, em Jerusalém, pela segunda vez nesta quarta-feira, de acordo com testemunhas, horas após a prisão e remoção de mais de 350 pessoas em uma operação policial no complexo e apesar do apelo dos Estados Unidos para diminuir as tensões.
Os confrontos, durante o mês sagrado muçulmano do Ramadã e na véspera da Páscoa judaica, desencadearam uma troca de tiros na fronteira em Gaza e alimentaram temores de mais violência.
Na segunda ocorrência, tarde da noite, a polícia entrou no complexo e tentou retirar os fiéis, usando granadas de efeito moral e disparando balas de borracha, disse a equipe do Waqf, a organização islâmica nomeada pela Jordânia para administrar o complexo.
Os fiéis atiraram objetos contra a polícia, disseram testemunhas. O Crescente Vermelho Palestino informou que seis pessoas ficaram feridas.
Em comunicado, a polícia disse que dezenas de jovens entraram na mesquita com pedras e fogos de artifício e tentaram se entrincheirar lá dentro. O Waqf, contudo, disse que a polícia entrou na mesquita antes do fim das orações.
Nabil Abu Rudeineh, porta-voz do presidente palestino, Mahmoud Abbas, disse: "O ataque de Israel à mesquita de Al-Aqsa, o seu ataque aos fiéis, é um tapa nos esforços recentes dos EUA que tentaram criar calma e estabilidade durante o mês do Ramadã".
Menos de 24 horas antes, a polícia fez uma operação na mesquita para tentar remover o que disseram ser agitadores mascarados que se trancaram lá dentro após tentativas de removê-los por meio de diálogo fracassarem.
O Crescente Vermelho Palestino disse que 12 palestinos sofreram ferimentos no confronto anterior, incluindo por balas com ponta de borracha e espancamentos. A polícia israelense informou que dois policiais ficaram feridos.
VIOLÊNCIA CHEGA À FRONTEIRA EM GAZA
Militantes palestinos dispararam pelo menos nove foguetes de Gaza contra Israel após o primeiro confronto, provocando ataques aéreos de Israel que atingiram o que disseram ser locais de produção de armas para o grupo islâmico Hamas, que controla o enclave costeiro bloqueado.
Não foram relatadas vítimas em nenhum dos lados da fronteira em Gaza. O Hamas não reivindicou a responsabilidade pelos ataques com foguetes, mas disse que foram em resposta à operação israelense a Al-Aqsa, onde confrontos em 2021 desencadearam uma guerra de 10 dias com Gaza.
"Não estamos interessados em uma escalada, mas estamos prontos para qualquer cenário", disse mais cedo o porta-voz militar de Israel Daniel Hagari.
(Reportagem de Sinan Abu Mayzer, Ammar Awad, Nidal al-Mughrabi, Ali Sawafta, Maayan Lubell; Reportagem adicional de Alaa Swilam, Nisreen Salem, Daren Butler, Aidan Lewis e Michelle Nichols)