Por Aziz El Yaakoubi
BAGDÁ (Reuters) - Forças de segurança do Iraque atiraram gás lacrimogêneo e munição de verdade em novos conflitos contra manifestantes em Bagdá e outras cidades neste domingo, afirmaram testemunhas da Reuters e forças de segurança.
Mais de 100 manifestantes ficaram feridos, incluindo pelo menos 75 na cidade de Nassiriya, no sul do país, a violência voltando em Bagdá e em outras cidades após forças de segurança tentarem dispersar acampamentos de manifestantes, disseram fontes médicas.
Manifestantes querem a saída do poder do que consideram ser uma elite corrupta e o fim da interferência estrangeira na política iraquiana, especialmente do Irã, que domina as instituições públicas.
O clérigo populista xiita Moqtada al-Sadr havia convocado manifestantes contra a embaixada norte-americana em Bagdá e outras cidades no domingo, mas as cancelou, com seu escritório dando “evitar um conflito interno” como o motivo.
Dezenas de milhares protestaram contra a presença militar dos EUA no Iraque em uma marcha, na sexta-feira, convocada após a morte do major-general iraniano Qassem Soleimani, pelos EUA, e um chefe paramilitar iraquiano, em Bagdá, este mês.
Sair, que tem milhões de apoiadores em Bagdá e no sul, afirmou neste sábado que encerraria seu envolvimento em protestos contra o governo.
“Protestamos porque temos uma causa. Não acho que Moqtada Sadr ou qualquer outro político nos fará mudar de ideia”, disse um manifestante em Bagdá, que se recusou dar o seu nome.
Forças de segurança removeram barreiras de concreto perto da praça Tahrir, em Bagdá, onde manifestantes têm acampado há meses, e ao redor de pelo menos uma outra importante ponte sobre o rio Tigris.
PROTESTOS NO SUL
Manifestantes em Bagdá estavam tossindo e lavando os rostos e os olhos para afastar os efeitos de gás, enquanto médicos ofereciam primeiros socorros, já que o local estava inacessível a ambulâncias, disse um repórter da Reuters.
Mais cedo no domingo, centenas de universitários reuniram-se na praça Tahrir, principal local de protesto, cantando frases contra Estados Unidos e Irã.
No centro de Nassiriya, manifestantes atearam fogo a dois veículos de segurança e centenas de outros manifestantes controlaram as principais pontes da cidade, afirmou uma testemunha da Reuters.
Em Basra, cidade no sul do país, mais de 2.000 estudantes chegaram a um campo de protesto, disse outra testemunha da Reuters.
Protestos continuaram também nas cidades de Kerbala, Najaf e Diwaniya, desafiando as tentativas das forças de segurança de encerrar uma manifestação sentada que já dura meses, disseram fontes da polícia e testemunhas da Reuters.
(Reportagem de Aziz El Yaakoubi e redação do Iraque; reportagem adicional de John Davison e Ahmed Rasheed)