Por Steve Holland e Mark Hosenball
WASHINGTON (Reuters) - O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse nesta sexta-feira que tem "o direito legal" de interferir em casos criminais, encerrando uma semana tumultuada na qual foram levantadas questões sobre se ele está corroendo a independência do sistema jurídico dos EUA.
As críticas de Trump ao juiz, júri e promotores no caso criminal de seu conselheiro de longa data Roger Stone provocaram uma reprimenda incomum do secretário de Justiça, William Barr, e estimularam novas demandas de investigação por parte dos democratas que tentaram, sem sucesso, destituir o presidente republicano do cargo.
Essa é a mais recente de uma série de ações agressivas de Trump desde que o Senado, controlado pelos republicanos, o absolveu no processo de impeachment na semana passada.
Trump transferiu ou demitiu funcionários do governo que testemunharam sobre seus esforços para pressionar a Ucrânia a investigar um potencial rival político nas eleições presidenciais de novembro.
Ele também retirou a nomeação da ex-procuradora dos EUA Jessie Liu, que supervisionou o caso Stone, para outro cargo governamental no Departamento do Tesouro.
Fontes próximas ao presidente disseram que Trump tem uma sensação maior de liberdade após sua absolvição no Senado.
"Você precisa lembrar, ele não é 'de' governo. Ele fica frustrado quando as pessoas dizem que algo não pode ser feito. Ele é assim: 'apenas faça'", disse uma autoridade do governo que falou sob condição de anonimato.
Barr afirmou na quinta-feira que os ataques de Trump tornaram "impossível" que ele fizesse seu trabalho como líder do Departamento de Justiça, dizendo à ABC News em uma entrevista: "É hora de parar com os tuítes."
Trump "nunca me pediu para fazer nada em um caso criminal", acrescentou Barr.
O presidente respondeu na sexta-feira de manhã. "Isso não significa que eu não tenha, como presidente, o direito legal de fazê-lo, mas tenho, até agora, escolhido não fazer!", escreveu ele no Twitter.
A insistência de Trump de que ele tem o direito de interferir em casos criminais contraria a prática de ex-presidentes dos EUA, que normalmente mantêm uma distância do Departamento de Justiça desde o escândalo de Watergate na década de 1970 que levou o então presidente Richard Nixon a renunciar ao cargo.