Por Alex Whiting
LONDRES (Reuters) - Quando o fotógrafo Graeme Robertson, que cobriu guerras e fomes, conheceu um menino em Uganda cuja pele parecia estar caindo do rosto, ele ficou chocado ao descobrir que o menino tinha sido atacado por ser cego.
"Às vezes, quando há crianças cegas, vão tentar matá-las, colocá-las no fogo, prendê-las em uma cabana para o resto de suas vidas, esquecê-las", disse Robertson, falando de sua casa em Londres.
Não está claro quem realiza os ataques, mas é provável que sejam parentes ou membros da comunidade agindo sob pressão dos anciãos, disse ele.
"Fiquei com raiva pelo fato de pensarem que, só porque eram pessoas com deficiência, não valiam nada. Senti que eu poderia ajudar. Eu sabia que eles estavam tão mutilados que dariam imagens poderosas, e se alguém visse essas imagens iria sentir alguma coisa", afirmou.
Robertson, um premiado fotógrafo que trabalha para o jornal The Guardian, cuja redação fica em Londres, aproximou-se de uma instituição de caridade internacional para cegos, a Sightsavers, e juntos organizaram uma exposição de fotografia com destaque para o tema.
A mostra, com base em viagens por Uganda e Índia, foi inaugurada em 25 de agosto em Londres pela segunda vez.
Ao longo dos últimos 20 anos, Robertson cobriu guerras e fome e passou anos vivendo em Bagdá e no Afeganistão. Durante os últimos 10 anos ele vem fazendo retratos e imagens de estilo de vida.
"Não é que eu não esteja acostumado a ver o verdadeiro sofrimento humano, mas esse projeto em particular realmente me afetou", disse ele.
Robertson, que é gravemente disléxico, foi tratado de forma muito diferente das outras crianças na escola, diziam-lhe que nunca iria ser bem-sucedido.
"Todo mundo tem que ter pelo menos uma chance. Senti que essas pessoas com deficiências não tiveram sequer a oportunidade de ter sucesso", disse ele, que tem dois filhos pequenos. OLBRENT Reuters Brazil Online Report Entertainment News 20150827T121738+0000