HONG KONG (Reuters) - O gabinete do principal representante de Pequim em Hong Kong alertou que as eleições primárias da oposição pró-democracia no final de semana podem ter violado uma nova lei de segurança nacional, exacerbando os temores de uma repressão ao movimento democrático da ex-colônia britânica.
Resultados preliminares mostraram que um grupo de jovens democratas teve um ótimo desempenho nas eleições, que atraíram mais de 600 mil eleitores, refletindo uma possível troca de guarda em favor de um agrupamento mais radical que provavelmente irritará as autoridades de Pequim.
As eleições primárias visam selecionar os candidatos democratas com mais chance de sucesso no pleito do Conselho Legislativo, o organismo governante de Hong Kong, em setembro. Os resultados finais devem sair ainda nesta terça-feira.
Muitos observadores veem a votação como um protesto simbólico contra uma nova lei de segurança rígida que pune até com prisão perpétua o que Pequim define de maneira abrangente como atos de secessão, subversão, terrorismo e conluio com forças estrangeiras.
"O objetivo do organizador Benny Tai e do campo opositor é assumir poder de governo em Hong Kong e... realizar uma versão da 'revolução das cores' de Hong Kong", disse o porta-voz do Gabinete de Ligação em um comunicado publicado pouco antes da meia-noite de segunda-feira.
Luo Huining, o chefe do Gabinete de Ligação, supervisionará a implantação da polêmica lei de segurança, que também permitirá que agentes de segurança da China continental operem oficialmente na cidade mais livre da China pela primeira vez.
Críticos da lei temem que ela acabe com as liberdades amplas prometidas a Hong Kong depois que esta voltou ao controle chinês em 1997, enquanto apoiadores dizem que ela trará estabilidade depois de um ano de protestos contra o governo às vezes violentos.
(Por Jessie Pang e James Pomfret em Hong Kong e Robin Emmott em Bruxelas)