Por Alister Doyle
OSLO (Reuters) - O gelo do Oceano Ártico pode desaparecer durante os verões neste século mesmo se os governos cumprirem uma meta central para limitar o aquecimento global acordada por quase 200 nações em 2015, disseram cientistas nesta segunda-feira.
O gelo do Oceano Ártico vem encolhendo constantemente nas últimas décadas, o que prejudica a subsistência de povos indígenas e de espécimes da vida selvagem, como os ursos polares, e ao mesmo tempo abre a região para mais trânsito de mercadorias e exploração de gás e petróleo.
Segundo o Acordo de Paris de 2015, os governos estabeleceram uma meta para limitar o aumento das temperaturas globais médias a bem menos de 2 graus Celsius acima dos tempos pré-industriais, com a aspiração de restringi-las a somente 1,5oC.
"A meta de 2 graus Celsius pode ser insuficiente para evitar um Ártico sem gelo", alertaram James Screen e Daniel Williamson, da Universidade de Exeter, no Reino Unido, no periódico científico Nature Climate Change após uma análise de projeções de gelo.
Mesmo um aumento de 2 graus Celsius significaria 39 por cento de risco de desaparecimento do gelo do Oceano Ártico durante os verões, disseram --mas é virtualmente certo que o gelo sobreviveria com um aquecimento de mero 1,5ºC.
Eles ainda disseram estimar uma probabilidade de 73 por cento de que o gelo irá sumir no verão a menos que os governos façam cortes de emissões de poluentes maiores do que os planos existentes. Seguindo as tendências atuais, as temperaturas irão subir 3ºC.
Em março de 2017, a extensão de gelo do Oceano Ártico está competindo com o resultado de 2016 e 2015 para se tornar a menor desta época do ano desde que os registros de satélite começaram no final dos anos 1970. O gelo alcança um nível máximo de inverno em março e um nível mínimo de verão em setembro.
"Em menos de 40 anos, reduzimos quase pela metade a cobertura de gelo do oceano no verão", disse Tor Eldevik, professor do Centro de Pesquisa Climática Bjerknes da Universidade de Bergen, na Noruega, que não participou do estudo.
Em previu que o gelo oceânico irá desaparecer do Ártico em cerca de outros 40 anos se as tendências atuais se mantiverem.
Os cientistas definem um Oceano Ártico sem gelo como tendo menos de um milhão de quilômetros quadrados de gelo, porque segundo eles parte do gelo marítimo irá permanecer em baías, como na costa do norte da Groenlândia, mesmo depois que o oceano não tiver mais gelo.