Por Robin Pomeroy
CANNES, França (Reuters) - O cineasta Jean-Luc Godard mostrou que ainda tem vocação para o não convencional neste sábado, tornando uma entrevista coletiva de Cannes em o que um crítico classificou como um "estranho evento cinematográfico".
Na manhã seguinte à estreia de seu filme abstrato "The Image Book", o artista de 87 anos apareceu em uma tela de celular respondendo a perguntas sobre tudo desde geopolítica até o futuro do cinema, passando por assuntos como o filme "Transformers", do diretor Michael Bay.
Repórteres empolgados fizeram fila para a videoconferência com o cineasta franco-suíço --um deles o cumprimentou como uma "lenda viva"-- buscando pistas para o significado do filme, descrito pela revista Variety como um "caleidoscópio semiótico de canais de cores saturadas".
Com óculos de aros pretos e uma mecha de cabelo branco, Godard disse: "O cinema não deveria mostrar o que está acontecendo, o que você vê todos os dias no Facebook, mas o que não está acontecendo, o que você nunca verá no Facebook".
Perguntado sobre sua posição há muito defendida de que os filmes não deveriam obrigatoriamente seguir um arco narrativo convencional, Godard respondeu:
"Se eu disse essa frase lá atrás, há um bom tempo, era de uma maneira para contrapor os Spielbergs e aqueles que dizem que uma história tem que ter um começo, um meio, e um fim, então como uma piada, eu disse: 'Não necessariamente nessa ordem'."
"The Image Book" quebra bem mais convenções cinematográficas do que apenas isso. Sem atores e sem filmagens, a obra conta apenas com clipes de outros filmes, fotos, imagens de coberturas jornalísticas, e até vídeos do Estado Islâmico postados na Internet, com uma trilha sonora que por vezes destoa das imagens. OLBRENT Reuters Brazil Online Report Entertainment News 20180512T152613+0000