Por Madeline Chambers
BERLIM (Reuters) - A Alemanha vai se unir à campanha militar contra militantes do Estado Islâmico (EI) na Síria, de acordo com planos aprovados nesta terça-feira pelo governo da chanceler Angela Merkel, em um passo importante para a potência europeia que vinha resistindo a se envolver diretamente no conflito.
Em resposta a um apelo feito pela França após os ataques de 13 de novembro de militantes do EI em Paris, que mataram 130 pessoas, o governo de Merkel concordou em enviar seus jatos de reconhecimento Tornado, aeronave de reabastecimento, uma fragata para proteger um porta-aviões francês, além de 1.200 militares, para a região conflituosa por um ano.
Em caso de aprovação do Parlamento, dois Tornados podem ser enviados para a base aérea de Incirlik, na Turquia, já na semana que vem, apesar de só poderem voar a partir de janeiro por razões técnicas, segundo um porta-voz do Ministério da Defesa.
A Alemanha, que atualmente envia armas para curdos iraquianos que enfrentam o Estado Islâmico, não se juntará a França, Estados Unidos e Rússia na condução de ataques aéreos na Síria, mas a contribuição do país é significativa, diante do histórico alemão de evitar ambientes militares após a Segunda Guerra Mundial e da contrariedade do eleitorado sobre envolvimento em um conflito no Oriente Médio.
O governo disse que a missão, que terá custo de 134 milhões de euros, tem o objetivo de impedir "atos terroristas" do EI e apoiar a França e outros no combate ao grupo jihadista, que capturou territórios no Iraque e na Síria.
"O EI representa uma ameaça à paz mundial e à segurança internacional", disse o porta-voz de Merkel, Steffen Seibert.
A ministra da Defesa da Alemanha, Ursula Von Der Leyen, descartou qualquer cooperação entre as forças alemãs, que irão participar da campanha militar contra o Estado Islâmico na Síria, e o presidente sírio, Bashar Al-Assad.
Ao falar pouco antes de o gabinete alemão decidir sobre a aprovação para o envio da missão, a ministra defendeu os planos. "O importante é: não haverá cooperação com Assad e nenhuma cooperação com tropas sob seu comando", disse Ursula à emissora ARD.
No entanto, isso não exclui a possibilidade de incluir alguns países que estão atualmente aliados a Assad em uma solução a longo prazo para o país, disse.
"Precisamos evitar o colapso do Estado da Síria", afirmou a ministra, acrescentando que erros cometidos no Iraque, quando grupos que eram leais a Saddam Hussein foram excluídos de participar do sistema político após a derrota do líder, não deveriam ser repetidos.
"Deixe-me ser clara - não haverá futuro com Assad", destacou.
(Reportagem adicional de Andreas Rinke)