Por Nate Raymond e Jarrett Renshaw
(Reuters) - O governo do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, emitiu nesta segunda-feira uma nova diretriz às universidades no que diz respeito a como elas podem fomentar a diversidade racial nos seus campi, mesmo após a Suprema Corte do país ter proibido as ações afirmativas no processo de aceitação de estudantes em tais entidades.
A portaria publicada pelos Departamentos de Justiça e de Educação foi emitida depois de a Suprema Corte -- que atualmente possui maioria conservadora -- ter decidido em junho que as universidades não podem considerar a cor da pele como fator de admissão nas instituições.
O governo Biden havia defendido essa prática, aplicada há muito tempo no país, em processos contra as Universidades de Harvard e da Carolina do Norte. O secretário de Educação, Miguel Cardona, afirmou que promover a diversidade nos campi ainda é algo importante para o país.
"Sabemos o que aconteceu nas universidades quando alguns Estados proibiram as ações afirmativas no passado", disse ele a repórteres. "Poucos estudantes negros aplicaram para elas, e poucos estudantes negros foram admitidos. Não podemos deixar que esse retrocesso ocorra nacionalmente", afirmou.
Em documentos de orientação emitidos nesta segunda-feira, os departamentos informaram que, após essa decisão, as instituições de ensino não podem permitir que suas decisões de admissão sejam influenciadas por quaisquer dados demográficos relacionados à raça do candidato que eles coletam.
No entanto, os departamentos disseram que as universidades podem considerar como a raça influenciou a vida do candidato, como na dissertação por escrito. Um exemplo seria se alguém escrevesse sobre o que significava ser o primeiro violinista negro em uma orquestra juvenil.
As universidades também podem, sob a nova portaria, fazer busca e recrutamentos ativos para aumentar a inscrição de grupos sub-representados e, para isso, estão autorizadas a considerar raça, geografia, classe social e estrutura familiar.
Os departamentos anunciaram também que as universidades podem revisar outras preferências na admissão, como aquelas concedidas a filhos de ex-alunos ou de doadores, que "reduzem as oportunidades para outras pessoas que não possuem tais vantagens".
O Gabinete de Direitos Civis do Departamento de Educação abriu uma investigação no mês passado contra a Universidade de Harvard, acusada de discriminar racialmente alguns alunos ao favorecer esses "herdeiros", que são majoritariamente brancos, de acordo com entidades que defendem os direitos civis.
(Reportagem de Nate Raymond em Boston e Jarrett Renshaw em Washington)